O mercado brasileiro de polímeros passou por ajustes importantes no primeiro semestre de 2025.
Apesar da retração nos volumes e valores importados, observa-se um movimento de reorganização das cadeias de suprimento e de diversificação das rotas comerciais utilizadas pelas empresas.
De acordo com dados da Logcomex, entre janeiro e junho de 2025 o Brasil importou aproximadamente US$ 1,8 bilhão em polímeros, totalizando 1,43 milhão de toneladas.
Os cinco principais estados importadores – Santa Catarina, Amazonas, São Paulo, Minas Gerais e Paraná – concentraram cerca de 88% do valor movimentado no período. Os principais itens da pauta de importação foram polímeros e copolímeros de etileno e propileno, em formas primárias e com diferentes densidades.
Na comparação com o mesmo período de 2024, houve uma redução de 5% no valor total FOB e uma queda de 10% no peso líquido.
Cerca de um terço do valor total importado ficou concentrado em dez grandes empresas, atuantes nos segmentos químico, de embalagens plásticas e distribuição de resinas.
Outros grupos nacionais, especialmente voltados à produção de embalagens flexíveis e insumos industriais, também tiveram participação relevante nas importações.
Entre os produtos mais importados no semestre, destacam-se:
Alguns códigos registraram variações positivas, como os copolímeros ABS (39033020), com crescimento de 24% em valor e 16% em volume.
As importações seguiram concentradas em poucos países. Estados Unidos e Argentina responderam, juntos, por cerca de US$ 966 milhões e mais de 830 mil toneladas no semestre. Colômbia, China, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Egito e Canadá também figuraram entre os principais fornecedores.
O transporte marítimo foi o principal modal utilizado, representando 98% do valor FOB movimentado. Os modais rodoviário e aéreo responderam por 1,8% e 0,19%, respectivamente. Entre os portos de entrada mais utilizados estão Santos, Itajaí, São Francisco do Sul, Manaus e Suape.
Entre o final de 2024 e o início de 2025, foram adotadas medidas de defesa comercial que influenciaram o comportamento das importações. As tarifas de importação de polímeros foram elevadas de 12,6% para 20%, e foram aplicadas ou renovadas medidas antidumping sobre produtos como PVC, PP e PE oriundos de países como EUA, Canadá, África do Sul, Índia e China.
Destacam-se os seguintes casos:
Essas ações têm gerado impacto nos custos de importação e influenciado a participação do produto nacional no mercado interno. No entanto, analistas do setor observam que barreiras comerciais não eliminam desafios estruturais, como o aproveitamento da capacidade instalada e a competitividade da indústria local.
Projeções da OCDE, publicadas pela Statista, indicam que o consumo global de plásticos deve seguir em crescimento nas próximas décadas. A China deverá liderar a demanda em 2040, com previsão de consumo de 159 milhões de toneladas, seguida pelos Estados Unidos (117,6 mi t), Ásia-Pacífico (76,6 mi t), Índia (72 mi t) e União Europeia (68,5 mi t).
Regiões como América Latina da OCDE, Japão, Coreia, Canadá e Oceania devem apresentar consumos menores, mas com potencial de expansão em segmentos específicos.
Para o Brasil, essa tendência global reforça a necessidade de seguir atento à disponibilidade de insumos no mercado internacional, buscando garantir acesso competitivo a matérias-primas essenciais para a indústria de transformação.
O setor projeta que as importações continuarão relevantes, especialmente para as poliolefinas. A tendência é de estabilidade ou leve redução no volume importado, a depender do desempenho da indústria nacional, da demanda interna e da continuidade das medidas de defesa comercial.
Entre os fatores que devem influenciar o mercado nos próximos meses, estão:
Mesmo com a adoção de tarifas e barreiras comerciais, o Brasil seguirá dependente de parte das importações para atender à sua demanda industrial. A redução dessa dependência exige medidas estruturais voltadas à produtividade, modernização tecnológica e investimentos em capacidade local.