Em resposta à identificação de casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), também conhecida como Gripe Aviária, quatro países recuaram parcialmente nas restrições preventivas à importação de carne de frango do Brasil. Conforme balanço divulgado nesta quinta-feira (22) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Rússia, Bielorrússia, Armênia e Quirguistão reduziram o escopo de suas restrições, passando a limitar o embargo apenas aos produtos oriundos do Rio Grande do Sul, onde foi identificado o foco da doença.
A mudança no posicionamento ocorre em um momento em que nações importantes mantêm a suspensão total das importações de carne de aves brasileiras, incluindo mercados estratégicos como China, União Europeia, México e Coreia do Sul.
O impacto econômico das restrições é significativo para o setor exportador brasileiro.
Análises técnicas do Ministério da Agricultura estimam perdas potenciais entre US$100 milhões e US$200 milhões em um mês, com volume afetado de 50 mil a 100 mil toneladas ao preço médio de US$2 mil por tonelada no mercado internacional. Isto representa uma possível redução de 10% a 20% nas exportações mensais, que têm registrado média de 465 mil toneladas em 2025.
Em relatório setorial, o Citi projeta um cenário de excedente de oferta no mercado doméstico, com consequente pressão deflacionária sobre os preços locais da proteína. Vale ressaltar que apenas nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil exportou 1,7 milhão de toneladas de carne de frango, sendo aproximadamente 200 mil toneladas destinadas ao mercado chinês, um dos que mantêm suspensão total de importações
Em contraste com a flexibilização anunciada pelos quatro países, outros destinos aumentaram suas restrições. A Arábia Saudita, que anteriormente limitava a suspensão apenas ao município de Montenegro (RS), ampliou a restrição para todo o estado gaúcho. Turquia e Emirados Árabes também implementaram novas barreiras – a primeira suspendendo a importação de carne de frango do Rio Grande do Sul, enquanto os Emirados restringiram apenas às compras do município de Montenegro.
O cenário atual reflete a heterogeneidade nas respostas dos parceiros comerciais do Brasil. Enquanto alguns países adotam abordagens regionalizadas, reconhecendo o controle sanitário brasileiro, outros mantêm embargos mais amplos. Japão e Emirados Árabes Unidos aplicam as restrições mais específicas, limitadas apenas ao município onde o foco foi identificado.
O Ministério da Agricultura informou que permanece em articulação com autoridades sanitárias dos países importadores, prestando – de forma ágil e transparente – todas as informações técnicas necessárias sobre o caso. Em nota, o órgão reiterou que o consumo de carne de aves e ovos não apresenta riscos à saúde humana.