O governo dos EUA iniciou uma investigação comercial que pode impactar o mercado brasileiro de madeiras em tábua. Em 1º de março, o atual presidente dos EUA assinou uma determinação para aumentar a produção local de madeira e dificultar importações, com base na Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio de 1962, a mesma utilizada anteriormente para tarifas sobre aço e alumínio.
Conforme dados analisados pela Logcomex, esta nova medida pode afetar as relações comerciais entre Brasil e EUA no setor madeireiro, onde o Brasil figura como um importante fornecedor. A investigação, conduzida pelo Departamento de Comércio americano, avaliará possíveis danos que as importações causariam à segurança nacional.
O pacote de medidas inclui também uma ordem executiva para ampliar fornecedores de madeira e madeira serrada, buscando reduzir custos para construção civil. Autoridades americanas afirmaram que grandes exportadores como Brasil, Canadá e Alemanha estariam “despejando madeira” no mercado americano, justificando a necessidade de proteção à indústria local.
Os dados mais recentes mostram que, apesar do crescimento nas exportações, o setor pode enfrentar dificuldades caso as tarifas sejam implementadas. Em 2024, as exportações brasileiras de madeira para os EUA somaram US$ 342,3 milhões, um aumento de 14% em relação a 2023. O volume exportado também cresceu 19%, atingindo 467,3 mil toneladas.
O principal item exportado foi a madeira compensada (NCM 44123900), responsável por US$ 270,5 milhões, um crescimento expressivo de 26% sobre o ano anterior. No entanto, outros segmentos apresentaram quedas significativas:
- Obras de marcenaria e carpintaria (NCM 44189900) tiveram um recuo de 15% no valor exportado e 8% no volume.
- Madeiras de não coníferas perfiladas (NCM 44092900) cresceram 8% em valor e 15% em volume.
- Madeira tropical serrada (NCM 44072990) sofreu a maior queda, com redução de 44% no valor e 31% no volume exportado.
Caso a tarifa de 25% sobre madeira serrada e produtos derivados seja confirmada, o impacto pode ser severo para exportadores brasileiros, especialmente nos segmentos que já enfrentam retração.
A medida pode diminuir a competitividade da madeira brasileira no mercado americano e impulsionar o fortalecimento da produção doméstica nos EUA.
O setor madeireiro brasileiro acompanha de perto os desdobramentos dessa investigação. Empresas exportadoras podem buscar alternativas para mitigar impactos, como diversificação de mercados e renegociação de contratos. Além disso, pressões diplomáticas e negociações comerciais entre Brasil e EUA podem influenciar o resultado dessa política protecionista.
Resumo das principais medidas dos EUA:
- Investigação baseada na Seção 232, mesma usada para tarifas sobre aço;
- Aceleração na aprovação de projetos florestais domésticos;
- Possível tarifa de 25% sobre madeira serrada e produtos derivados;
- Argumento de que a dependência de importações representa risco à segurança nacional.