O Nordeste brasileiro deverá se consolidar como epicentro da economia verde com o anúncio de R$10 bilhões em financiamentos direcionados a projetos sustentáveis na região. O BNDES, junto a bancos públicos, formalizou a criação desta linha de crédito durante a Brazil Energy Conference em Teresina, estabelecendo um marco para a transição energética regional.
O pacote econômico contempla setores estratégicos como energias renováveis, bioeconomia, descarbonização industrial, eletromobilidade e instalação de data centers. A estrutura de financiamento prevê tanto capital reembolsável quanto recursos a fundo perdido, facilitando o acesso para diferentes perfis de investidores.
Esta iniciativa se insere no contexto mais amplo do programa Nova Indústria Brasil (NIB), lançado no início de 2024 como pilar da estratégia governamental para revitalizar o setor industrial até 2033. A gestão dos recursos será compartilhada entre instituições financeiras federais como Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Finep e Sudene.
Empresas nacionais, internacionais e cooperativas podem submeter planos de negócios até agosto, desde que os projetos prevejam investimentos superiores a R$10 milhões. O modelo busca atrair capital para uma região que, apesar de representar um quarto da população brasileira, recebe proporcionalmente menos recursos para desenvolvimento econômico.
Rafael Fonteles, governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, enfatizou que a região busca evoluir de simples produtora de energia renovável para um complexo industrial verde integrado. O Piauí exemplifica este potencial, já abrigando grandes projetos de energia solar e hidrogênio verde com participação de investidores internacionais, especialmente chineses.
Paralelamente, a Associação Brasileira de Desenvolvimento formalizou cooperação técnica com o Consórcio Nordeste para expandir o acesso a crédito e fortalecer instituições financeiras regionais. O acordo prevê identificação de obstáculos ao desenvolvimento, capacitação institucional e captação de novas fontes de financiamento, incluindo recursos internacionais.
A iniciativa representa um passo significativo para transformar a abundância de recursos naturais do Nordeste em desenvolvimento industrial sustentável, gerando empregos qualificados e posicionando a região como protagonista na nova economia de baixo carbono.