Tendências para o setor de vinhos no Brasil

setembro 26, 2024

Tendências para o setor de vinhos no Brasil

Highlights

  • O volume de vinho consumido no Brasil está muito abaixo da média mundial. Em 2024, o Brasil respondeu por apenas 1,8% das vendas globais da bebida.
  • Dados do setor apontam ainda para uma retração no consumo per capita de vinho no país, mas uma tendência nas vendas de rótulos mais caros, o que abre espaço para um aumento no faturamento do setor e no valor movimentado com a importação do produto nos próximos anos.
  • A tendência de crescimento no consumo de cerveja, somada à redução no consumo de vinho e de álcool puro, sugere uma migração do brasileiro das bebidas de maior teor alcoólico para o derivado do malte, mais popular também em razão de fatores culturais e do clima tropical do país.

Introdução

O consumo total de bebidas alcoólicas no Brasil apresenta tendência de crescimento depois de um desvio no ano de 2020 influenciado por mudanças de hábito de consumo provocadas pela pandemia de Covid-19.

Em 2024, projeta-se que o consumo total de bebidas alcoólicas no país chegará a 12,29 bilhões de litros, contra 11,09 bilhões em 2021, 11,31 bilhões em 2022 e 11,74 bilhões em 2023.

A tendência, no entanto, não é igual para todos os segmentos. Até 2029, em termos per capita, observa-se uma provável redução no consumo de vinhos, espumantes, cidras, perrys e vinhos de arroz, mas um aumento no volume de cerveja.

Considerando o consumo per capita de álcool puro, o brasileiro deve reduzir a ingestão de 8,28 litros em 2014 para 6,83 litros em 2029. Em 2024, estima-se que o consumo de álcool por pessoa deve girar em torno de 7,32 litros.

O setor de vinhos no Brasil

Entre as bebidas alcoólicas mais consumidas no país, destacam-se, depois da cerveja, o vinho e os destilados, embora o consumo desses itens ainda seja significativamente baixo no Brasil na comparação com a média mundial.

Segundo a International Organisation of Vine and Wine (OIV), em 2023 estima-se que o Brasil respondeu por 1,8% do consumo mundial de vinho, com 4 milhões de hectolitros.

Apesar de o volume representar alta de 11,6% em relação a 2022, o país ainda figura abaixo da vizinha Argentina, cuja população é cerca de um quinto da brasileira e que consumiu cerca de 7,8 milhões de hectolitros no ano passado – 3,5% do consumo mundial.

Além disso, o setor observa um recuo nas vendas pós-pandemia. O consumo per capita de vinho no Brasil em 2023 foi de 2 litros por pessoa, segundo a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS). O número representa uma queda em relação ao pico de 2,78 litros registrado em 2020 durante o auge da pandemia de Covid-19.

A população do país em 2024 é de 212,6 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar disso, nos sete primeiros meses de 2024, a quantidade de vinho importada pelo Brasil teve alta de 11,6% na comparação com o mesmo período de 2023 (88,83 mil toneladas líquidas, ante 79,62 mil toneladas).

Com um aumento de 0,6% no preço médio do quilograma do produto, o valor total importado (FOB) subiu de US$ 254,27 milhões para US$ 285,44 milhões (12,3%) de um ano para o outro. Uma das explicações é o aumento no consumo de rótulos com maior valor agregado, segundo análise da ABS.

O amadurecimento do mercado consumidor de vinho no Brasil pode explicar ainda o aumento no faturamento do setor, apesar da redução no volume consumido da bebida. Até 2029, projeta-se um total de US$ 3,8 bilhões em vendas, contra U$ 3,6 bilhões em 2024.

Produção

As principais vinícolas brasileiras estão concentradas principalmente na região Sul do país, com destaque para o Rio Grande do Sul, que concentra a maior área de vinhedos do Brasil.

Em 2021, o cultivo de uvas para produção de vinho no estado era de 46.815 hectares, representando mais da metade da área total de vinhedos do país. Além disso, 87,12% do valor total das exportações de vinho do Brasil nos primeiros sete meses de 2024 foram provenientes do Rio Grande do Sul.

Importação e exportação

O principal exportador de vinho para o Brasil é o Chile (40%), seguido da Argentina (18%), Portugal (15%), França (11%), Itália (8%), Espanha (5%) e Uruguai (2%). O principal fornecedor chileno responde por 9,79% das importações brasileiras (FOB). 

Há mais de 400 importadores de vinho no Brasil, dos quais 296 (65,78%) são de médio a grande porte (faturamento superior a R$ 4,8 milhões) e 74 de empresas de pequeno porte (faturamento entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões). Metade de todo o valor FOB de importação de vinhos está concentrado em 12 empresas importadoras. Nesse setor, os principais estados de entrada dos produtos são Santa Catarina (34%), Espírito Santo (20%) e São Paulo (18%).

A exportação de vinho brasileiro entre janeiro e julho de 2024 foi de 2,8 mil toneladas líquidas, uma queda de 28,9% em relação ao mesmo período de 2023 (3,95 mil toneladas líquidas). O valor FOB movimentado no mesmo período foi de US$ 5,5 milhões este ano, contra US$ 7,13 milhões em 2023.

O principal destino do vinho brasileiro no exterior é o Paraguai, que absorveu 51% das exportações do produto do Brasil (FOB) nos primeiros sete meses de 2024. Na sequência estão Estados Unidos (11%), Letônia (6%), Argentina (5%) e China (5%).

*NCMs: 2204.1, 2204.2

Exportação de vinho por estado brasileiro

EstadoValor exportado (FOB)Participação (%)
Rio Grande do SulUS$ 4.753.66387,12%
Rio de JaneiroUS$ 290.3575,32%
São PauloUS$ 247.5904,54%
Santa CatarinaUS$ 51.5510,94%
ParanáUS$ 35.7500,65%

Conclusão

Em resumo, o mercado de vinhos no Brasil apresenta um cenário complexo. Enquanto o consumo geral é baixo comparado à média mundial, com uma tendência de baixa, a demanda por produtos de maior valor agregado aponta para uma ascensão. Esse movimento abre espaço para um aumento no faturamento do setor e no valor movimentado com a importação do produto nos próximos anos.

Referências


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