Tarifas Americanas: Impactos no comércio Brasil-EUA em 2025

O “tarifaço” de 50% imposto pelo governo Trump representa um desafio significativo para as relações comerciais Brasil-EUA, embora 44,6% das […]

O “tarifaço” de 50% imposto pelo governo Trump representa um desafio significativo para as relações comerciais Brasil-EUA, embora 44,6% das exportações brasileiras estejam excluídas dessas sobretaxas. 

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), apenas 35,9% das vendas brasileiras aos EUA sofrerão o impacto integral das novas tarifas, enquanto outros 19,5% já estão sujeitos a tarifas específicas por questões de segurança nacional. 

Panorama do comércio bilateral em 2025

Em relação às exportações Brasil-EUA, apesar do cenário desafiador, houve um discreto crescimento de 4,4% no primeiro semestre de 2025, totalizando US$ 20 bilhões contra US$ 19 bilhões no mesmo período de 2024, de acordo com a Logcomex.

Já as importações mostraram desempenho ainda mais robusto, com aumento de 11,5%, atingindo US$ 21,7 bilhões contra US$ 19,4 bilhões em 2024. 

Destaques do primeiro semestre de 2025

5 Principais NCMs exportadas pelo Brasil para os EUA de janeiro a junho de 2025:

NCMDescriçãoFOB 2025 (US$)Comparativo 2024 (US$)Variação (%)
27090010Óleos brutos de petróleo2,3 bilhões3,1 bilhões-24%


72071200
Outros produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado, de seção transversal retangular, que contenham, em peso, menos de 0,25% de carbono
1,4 bilhão

1,3 bilhão

+12%
09011110Café não torrado, não descafeinado, em grão1,1 bilhão841,5 milhões+39%


47032900
Pastas químicas de madeira, à soda ou ao sulfato, exceto pastas para dissolução, semi branqueadas ou branqueadas, de não coníferas668,6 milhões784,8 milhões-15%
02023000Carnes desossadas de bovino, congeladas737,8 milhões304,3 milhões+142%

Segundo a Logcomex, o café não torrado, não descafeinado, em grão, apresentou crescimento de 39%, e as carnes bovinas desossadas congeladas tiveram expressivo aumento de 142%.  Contudo, os óleos brutos de petróleo, principal produto exportado, registraram queda de 24%.

5 Principais NCMs importadas pelo Brasil dos EUA de janeiro a junho de 2025:

NCMDescriçãoFOB 2025
(US$)
Comparativo 2024 (US$)Variação FOB (%)
84119100Partes de turborreatores ou de turbopropulsores2 bilhões1,3 bilhão+47%

84111200
Turborreatores de empuxo superior a 25 KN1,4 bilhão1,4 bilhão+5%
27090010Óleos brutos de petróleo1 bilhão810,3 milhões+36%
27101921Gasóleo (óleo diesel)1 bilhão299,5 milhões+248%
27101241Naftas para petroquímica730,4 milhões846 milhões-14%

Nas importações, durante o período analisado, o setor de combustíveis teve destaque, com o gasóleo (óleo diesel) registrando aumento de 248%, alcançando US$1 bilhão. Partes de turborreatores cresceram 47%, atingindo US$ 2 bilhões, de acordo com a Logcomex.

Variação valor FOB importado – Mês a mês

São Paulo continua liderando tanto as exportações (32%) quanto as importações (31%) na relação bilateral, seguido pelo Rio de Janeiro. 

Já em relação aos modais utilizados, o marítimo permanece dominante, respondendo por 86,73% das exportações e 58,78% das importações, segundo a Logcomex.

Top 5 parceiros comerciais do Brasil nas Exportações (Jan a Jun 2025) 

A China liderou a absorção das exportações brasileiras no primeiro semestre de 2025, respondendo por 29% e FOB de US$47,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com 12% das importações de produtos brasileiros e FOB de US$20 bilhões. Em terceiro lugar, aparece a Argentina, respondendo por 5% das importações de produtos brasileiros, com FOB de US$9,1 bilhões. Países Baixos (Holanda) vêm na sequência com FOB de US$5,6 bilhões (3%), seguidos pela Espanha com FOB registrado de US$4,7 bilhões (3%).

Top 5 Parceiros comerciais do Brasil nas Importações (Jan a Jun 2025)

Nas importações, a China continuou liderando o ranking, desta vez para exportações, respondendo por 33% das exportações e registrando FOB de US$35,6 bilhões. 

Os Estados Unidos também apareceram em segundo lugar, com 20% das exportações para o Brasil e FOB de US$21,7 bilhões. Em terceiro lugar, aparece a Alemanha, respondendo por 6% das exportações, com FOB de US$7 bilhões. A Argentina vem na sequência com FOB de US$6,1 bilhões (6%), seguida pela Rússia com FOB registrado de US$5 bilhões (5%).

PERSPECTIVAS

Em julho de 2025, a administração Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre importações do Brasil, com impacto estimado superior a 19 bilhões de reais na economia brasileira. São Paulo seria o estado mais afetado, com perdas projetadas de 4,4 bilhões de reais. Aproximadamente 56,6% das exportações brasileiras para os EUA estariam sujeitas a essas tarifas.

O setor agrícola, que projeta exportações de US$80,7 bilhões em 2025, seria particularmente impactado. Estados com maior dependência das exportações para os EUA, como Espírito Santo e Ceará, seriam os mais prejudicados, de acordo com o Statista.

Com produtos importantes como aviões, celulose, suco de laranja e minério de ferro excluídos do tarifaço, espera-se que setores estratégicos mantenham competitividade no mercado americano. No entanto, 35,9% das exportações enfrentarão desafios de competitividade com a tarifa adicional.

Como outro reflexo da medida, também é esperado um direcionamento do Brasil ainda mais acentuado em relação à China como parceiro comercial, alterando permanentemente os fluxos comerciais regionais.

Por outro lado, o governo brasileiro tenta contornar os desgastes e impactos que a medida pode trazer para a economia e indústria nacional. No dia 13 de agosto, o presidente do Brasil anunciou um pacote de ações para mitigar os danos causados pelas tarifas norte-americanas. Dentre as medidas, destaca-se a concessão de R$ 30 bilhões em crédito para empresas exportadoras que viram seus produtos sofrendo a tarifa de 50%.

O acesso às linhas de financiamento estará condicionado à manutenção de empregos. Plano também prevê compras governamentais e adiamento de impostos.

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