Este relatório apresenta uma análise estratégica do comércio exterior de fertilizantes, revelando um mercado de duas velocidades, marcado por um crescimento robusto na importação e uma contração na exportação.
O sucesso neste cenário não foi determinado pelo volume, mas pela agilidade em reconfigurar portfólios, diversificar cadeias de suprimentos e otimizar a logística de desembarque. A volatilidade é a nova norma, e a inteligência de dados em tempo real emergiu como o principal diferencial competitivo.
O mercado de importação de ureia e fertilizantes cresceu 16%, atingindo US$2,8 bilhões de janeiro a setembro de 2025 (vs. US$2,4 bilhões no mesmo período de 2024).
Este crescimento foi impulsionado por três movimentos táticos:
O resultado das importações de janeiro a setembro de 2025, sinaliza uma retomada da demanda e um movimento de “go-to-market” possivelmente antecipado para garantir o abastecimento da safra. A análise detalhada dos dados revela, no entanto, que este crescimento não é homogêneo.
É possível observar uma reconfiguração tática tanto no mix de produtos quanto nas origens de fornecimento, indicando que os players do setor estão se adaptando a novas dinâmicas de preço e risco geopolítico. A análise do portfólio de produtos importados revela dois movimentos estratégicos distintos:
Produto | Análise |
Ureia | Dominância, mas crescimento lento: A Ureia Mantém sua posição como o principal insumo importado, com FOB de US$ 1,7 bilhão. Contudo, seu crescimento de apenas +3% está significativamente abaixo da média do mercado (16,7%), indicando que, embora dominante, o produto perdeu participação relativa no mix total. |
| Sulfato de Amônio | Crescimento exponencial dos substitutos/complementos: O principal motor do crescimento do setor foi o Sulfato de Amônio (NCM 31022100), que viu suas importações saltarem +59%, alcançando US$ 757,2 milhões. |
Outros produtos, como o Nitrato de Amônio (+23%) e as Misturas de Nitrato de Amônio (+29%), também cresceram bem acima da média. O crescimento do mercado não é uma simples expansão da demanda por Ureia; é uma substituição ou diversificação de portfólio.
Empresas que não monitoraram essa tendência podem ter perdido oportunidades de arbitragem de preço ou de atendimento a demandas técnicas específicas que favoreceram o Sulfato de Amônio neste período.
A análise das origens de importação expõe um claro cenário de risco e oportunidade na gestão da cadeia de suprimentos:
Risco (China e Rússia): O fornecimento permanece altamente concentrado. A China (28%) e a Rússia (16%) controlam, em conjunto, 44% do volume FOB importado pelo Brasil, segundo a Logcomex. Esta dependência de dois players sujeitos a alta volatilidade geopolítica e regulatória representa o principal risco estratégico para os importadores brasileiros.
Oportunidade (Nigéria e Argélia): Em contrapartida, notamos um movimento assertivo de diversificação. A Nigéria se consolidou como o terceiro maior fornecedor (14% de share, com US$ 408,8 milhões), e a Argélia (8%, com US$ 225,2 milhões) também figura entre os principais players.
A Região Sul do Brasil é o principal destino da carga, com Paraná (17%), Santa Catarina (16%) e Rio Grande do Sul (15%) somando 48% do volume nacional. A análise dos portos revela uma dinâmica crucial:
1. Concentração no “Arco Sul”: Os portos de Paranaguá (24%) e São Francisco do Sul (15%) são os líderes de desembarque, refletindo a demanda direta de seus estados. Juntos, esses dois portos movimentaram 39% de toda a carga.
2.Santos como Hub distribuidor: O Porto de Santos (22%) é o segundo maior em volume, apesar de o estado de São Paulo ser apenas o quarto maior importador (12%). Isso evidencia o papel de Santos como um hub de distribuição vital, atendendo mercados estratégicos do interior, como Minas Gerais (11%) e Mato Grosso (9%).
Monitorar essas três variáveis – mix de NCMs, risco de origem e eficiência de desembarque – em tempo real é impossível sem uma plataforma robusta de inteligência de dados. Empresas que operam baseadas em relatórios estáticos estão, por definição, reagindo a movimentos que seus concorrentes digitalizados já anteciparam.
O mercado de exportação contraiu -10%, caindo para US$32 milhões. A operação é definida por dois fatores de risco críticos:
1. Hiperconcentração de mercado: O setor apresenta uma dependência crítica de um único cliente. O Paraguai absorveu 60% de todo o volume exportado, de janeiro a setembro de 2025, de acordo com a Logcomex.
2.Logística terrestre: A operação é dominada por rotas rodoviárias. A alfândega de Foz do Iguaçu escoou 45% do volume, seguida por Uruguaiana (12%).
O desempenho da exportação brasileira de fertilizantes nos primeiros nove meses de 2025 operou em uma direção oposta à da importação. O setor registrou uma contração de 10% no volume FOB, caindo de US$35,3 milhões em 2024 para US$32 milhões em 2025.
Esta análise revela um mercado de nicho, geograficamente concentrado e logisticamente distinto da operação de importação, sugerindo que as exportações são, em grande medida, uma operação de rebalanceamento de estoque ou atendimento a mercados fronteiriços, em vez de uma estratégia de comércio global.
A queda de 10% no total mascara uma profunda reestruturação no mix de produtos exportados. O desempenho foi díspar:
Queda drástica | O Nitrato de Amônio (NCM 31023000) teve uma queda de -65%, e a Ureia (NCM 31021010) recuou -35%. Esses dois produtos, que tradicionalmente possuem alto volume, foram os principais detratores do resultado agregado. |
| Crescimento exponencial | Assim como observado na importação, o Sulfato de Amônio (NCM 31022100) foi o destaque positivo, com um crescimento de +103%, atingindo US$ 7,1 milhões. |
| Estabilidade | O principal NCM de exportação, “Outros fertilizantes nitrogenados” (31029000), manteve-se estável com leve alta de +2%, somando US$ 15 milhões. |
A exportação não é uniforme. A queda é impulsionada por produtos específicos (Ureia, Nitrato). Contudo, a duplicação das exportações de Sulfato de Amônio indica uma oportunidade de arbitragem ou uma forte demanda específica não atendida por outros players regionais.
A dependência do Mercosul
A estratégia de exportação brasileira de fertilizantes é, fundamentalmente, uma operação focada no Mercosul. A análise de destinos revela uma concentração que excede a dependência, configurando um risco estratégico:
Uruguai e Argentina: Respondem por 13% (US$4 milhões) e 7% (US$2,2 milhões), respectivamente.
Paraguai: Absorve sozinho 60% de toda a exportação do Brasil, totalizando US$19,3 milhões.
Somados, os três parceiros do Mercosul concentram 80% do faturamento de exportação. Embora essa sinergia regional seja positiva, ela expõe as empresas exportadoras a qualquer volatilidade cambial, regulatória ou política de um número restrito de clientes.
A estrutura logística confirma a natureza da operação: ela não é marítima, é terrestre. Os principais pontos de saída do país são as alfândegas de fronteira, alinhadas aos estados produtores:
O Porto de Santos, principal hub de importação, aparece com apenas 9% da exportação, evidenciando que os modelos de negócio de “import” e “export” neste setor são logisticamente desassociados.
A operação de exportação deve ser gerenciada com métricas de logística rodoviária e de fronteira, não de frete marítimo. A eficiência em Foz do Iguaçu e Uruguaiana – e a gestão do risco da concentração no Paraguai – são os fatores críticos de sucesso para este segmento.
A análise dos primeiros nove meses de 2025 revela um mercado de fertilizantes que opera em duas velocidades distintas, mas interligadas por um tema comum: volatilidade extrema.
Na importação (crescimento de 16%), o sucesso foi definido pela agilidade em reconfigurar o portfólio (priorizando Sulfato de Amônio) e diversificar o sourcing (escalando rotas da Nigéria e Argélia). Na exportação (contração de 10%), o cenário é de risco concentrado, com 60% da receita dependente de um único mercado (Paraguai) e de uma logística terrestre específica.
| Dilema Estratégico | Descrição/Contexto | Principais Dados |
| Risco geopolítico de Sourcing | A dependência contínua de fornecedores sujeitos a alta volatilidade geopolítica e regulatória é um risco operacional crítico. | China (28%) e Rússia (16%) controlam, em conjunto, 44% do suprimento nacional. |
| Oportunidade de diversificação | A consolidação de novos fornecedores viáveis permite mitigar riscos e acessar oportunidades de custo em novas rotas. | A Nigéria (14%) e a Argélia (8%) se consolidaram como fornecedores. |
| Desafio do “Landed Cost” | A escolha do porto de desembarque é tão crucial quanto o preço FOB negociado e impacta o frete interno. | Paranaguá (24%), Santos (22%) e São Francisco do Sul (15%) estão na disputa logística. |
A operação de exportação, embora menor, apresenta o risco estratégico mais agudo e claro:
Risco de Concentração de Cliente: A dependência de 60% do mercado paraguaio é insustentável a longo prazo. Uma quebra de safra local, uma mudança regulatória em Assunção ou o aumento da competitividade de outro fornecedor regional podem eliminar mais da metade da receita de exportação.
O cenário descrito é volátil demais para ser gerenciado por planilhas e relatórios estáticos. A análise histórica é insuficiente para o planejamento estratégico. O mercado de fertilizantes exige um “radar geopolítico” para eventos de curto prazo e um “sonar” para tendências mais profundas, capacidades que a análise tradicional não oferece.
A vantagem competitiva não reside mais em saber que o Sulfato de Amônio cresceu 59% na importação; reside em identificar os sinais dessa mudança de demanda meses antes que ela se reflita nos dados consolidados.
A gestão eficaz neste setor exige respostas imediatas para perguntas complexas:
Responder a essas perguntas é impossível sem uma plataforma de tecnologia que transforma dados brutos do comércio exterior em inteligência acionável e em tempo real.
A volatilidade exposta nesta análise não é uma ameaça; é uma oportunidade para empresas que utilizam a inteligência de dados para tomar decisões mais rápidas e assertivas.
As soluções da Logcomex são desenhadas para fornecer exatamente essa capacidade. Nossa plataforma permite que sua empresa saia da análise reativa (o que aconteceu) para a inteligência preditiva (o que fazer agora):
A análise histórica de janeiro a setembro de 2025 prova que a reatividade é uma estratégia de perda de margem. A volatilidade no mix de NCMs, nos fornecedores globais e nos custos de “landed cost” exige uma mudança de postura: da análise estática para a inteligência preditiva.
A capacidade de identificar o próximo movimento de sourcing, antecipar a mudança de demanda para um NCM específico ou otimizar a escolha de um porto em tempo real é o que define a lucratividade.
As soluções de inteligência de dados da Logcomex são desenhadas para fornecer esta vantagem competitiva. Nossas plataformas permitem o monitoramento em tempo real de concorrentes, fornecedores e custos logísticos, capacitando sua equipe a tomar decisões estratégicas antes que as tendências se tornem de conhecimento público.
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