O aumento nas importações provenientes de alimentos demonstra a capacidade do Brasil de acessar mercados globais e diversificar a oferta de produtos para atender à demanda local.
A crescente demanda por produtos importados de maior valor, representa uma oportunidade para empresas brasileiras diversificarem suas ofertas e expandirem suas operações nos segmentos de importação.
Além disso, a maior procura interna por alimentos que não têm produção suficiente pode incentivar investimentos na produção nacional, fortalecendo o agronegócio.
Produtos como azeite de oliva, batatas, arroz, queijo, entre outros, essenciais para o consumo interno, estão sendo adquiridos em grandes volumes, evitando o desabastecimento e garantindo a disponibilidade de alimentos para a população.
Importação de alimentos: qual o cenário de janeiro a setembro de 2024?
De acordo com a Logcomex, o cenário das importações brasileiras de alimentos segue com tendência positiva.
O setor de fabricação de produtos alimentícios registrou, de janeiro a setembro, aumento de 17% no FOB importado — US$ 6,2 bilhões —, além de aumento de 16% na variação do peso em Kg Líquido, em comparação com o mesmo período de 2023, saindo de 2,9 para 3,2 mega toneladas de alimentos em 2024.
Entenda, a seguir, o comportamento do setor no Brasil durante o período analisado:
- Fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais
Registrou aumento de 31% no valor FOB importado – US$ $1,4 bilhão – em comparação com o mesmo período de 2023. O peso em Kg Líquido também apresentou aumento de 26%, saindo de 594 toneladas em 2023, para 750 toneladas em 2024.
- Fabricação de outros produtos alimentícios
Registrou aumento de 11% no valor FOB importado, saindo de US$ 1,1 bilhão para US$ 1,2 bilhão de janeiro a setembro de 2024. O peso em Kg Líquido registrou aumento de 13%, saindo de 232 toneladas em 2023 para 263 t no mesmo período de 2024.
- Fabricação de produtos lácteos
De janeiro a setembro de 2024, este setor registrou uma queda de 7% no FOB importado, reduzindo de US$ 856 milhões em 2023, para US$ 795 milhões em 2024.
- Processamento e conservação de frutas e legumes
Em contrapartida, este setor apresentou aumento de 33% no FOB importado – US$ 787 milhões, de janeiro a setembro de 2024. O peso em Kg Líquido também apresentou aumento de 26% no período – 537 toneladas em comparação com o mesmo período do ano passado.
- Fabricação de produtos de moinhos de cereais, amidos e féculas
Também houve aumento de 27% no FOB importado de janeiro a setembro de 2024, saindo de US$ $569,5 milhões em 2023, para US$ $725,5 este ano.
O peso em Kg Líquido aumentou para 1,1 megatoneladas (+12%) em comparação com o ano anterior.
Importação de alimentos: conheça as 3 principais NCMs mais importadas
A NCM 1509.20.00 referente à azeite de oliva (oliveira) extra virgem lidera como a mais importada de janeiro a setembro de 2024. Com aumento de 57% no FOB – US$544 milhões – em comparação com o mesmo período de 2023.
Já a NCM 040.22.110 – referente a leite integral, em pó, com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 1,5%, sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes, apresentou queda de 19% no FOB – US$ 380 milhões – em comparação com 2023. Em relação ao peso importado, o registro foi de 107 toneladas (-12%).
Por fim, a NCM 1006.30.21 – Arroz semibranqueado ou branqueado, não parboilizado, polido ou brunido, registrou aumento de 65% no FOB, saindo de US$ 232 milhões de janeiro a setembro de 2023, para US$ 382 milhões no mesmo período em 2024. Vale ressaltar que o peso também aumentou 32% (560 toneladas) em comparação com o mesmo período de 2023.
Ranking de países exportadores para o Brasil
1º lugar: Argentina -Valor FOB:US$ 1,1 bilhão (21%)
2º lugar: Uruguai – Valor FOB: US$ 628 milhões (11%)
3º lugar: Paraguai -Valor FOB: US$ 553 milhões (10%)
Outros países:
- Portugal – Valor FOB: US$ 460 milhões (8%)
- Indonésia – Valor FOB: US$ 384 milhões (7%)
- China – Valor FOB: US$ 379 milhões (7%)
Principais estados brasileiros importadores
Conheça, a seguir, os estados brasileiros que mais importaram de janeiro a setembro de 2024:
- São Paulo: FOB US$ 1,9 bilhão (29%)
- Santa Catarina: FOB US$ 1,3 bilhão (22%)
- Minas Gerais: FOB US$ 670 milhões (11%)
- Paraná: FOB US$ 652 milhões (10%)
- Rio Grande do Sul (RS): FOB US$ 409 milhões (7%)
Em relação às principais unidades de desembaraço aduaneiro, o Porto de Santos consolida-se como o principal HUB, tendo movimentado US$ 1,9 bilhão de FOB (30%).
Já o ALF Foz do Iguaçu, movimentou de janeiro a setembro de 2024, o total de FOB US$ 748 milhões (12%). O Porto de Paranaguá aparece em terceiro lugar, com FOB de US$ 520 milhões (8%).
De acordo com pesquisa realizada pela Kantar, os brasileiros passam mais tempo cozinhando, especialmente arroz e feijão, sopas e pão de ló aos finais de semana.
Outro dado interessante apontado pela pesquisa, refere-se às refeições principais, que representam 53% das realizadas pelos brasileiros. A população do Reino Unido e da Alemanha prefere petiscos ao invés de refeição principal, com 28% e 25% respectivamente.
Projeção inflação
Segundo economistas, a alimentação no domicílio deve fechar o ano de 2024 com um aumento de 5,6%, após ter registrado uma queda de 0,52% no acumulado de 2023.
Inicialmente, a projeção estava em torno de 4,5%, mas foi sendo reavaliada conforme os efeitos do clima seco deste ano foram levados em consideração.
Apesar da recente pressão sobre os preços dos alimentos já refletida nas projeções, economistas explicam que o etanol pode exercer uma influência de baixa, devido ao aumento da moagem de cana-de-açúcar motivado pela seca. No entanto, existe um risco de uma alta nos preços desse item a partir do primeiro trimestre de 2025.
Conclusão
O aumento nas importações de alimentos no Brasil entre janeiro e setembro de 2024 evidencia a crescente interdependência do país em relação aos mercados globais, especialmente em itens como azeite de oliva, arroz e outros produtos, principalmente devido às condições climáticas vivenciadas pelo Brasil nos últimos meses.
As importações não apenas garantem o abastecimento de produtos essenciais para a população, mas também reflete um cenário de oportunidades para as empresas brasileiras que atuam no comércio global.
Com a implementação de tecnologia de ponta e soluções inteligentes é possível explorar essas oportunidades, diversificando suas operações e otimizando as importações.