O governo norte-americano anunciou nesta semana que irá investir US$ 3 bilhões para melhorar a infraestrutura dos portos do país e gerar empregos para o setor.
O anúncio ocorre após reclamações de trabalhadores portuários, que culminaram em uma greve de três dias nos portos da Costa Leste e da Costa do Golfo no início do mês, paralisando metade do fluxo do comércio exterior marítimo do país.
Durante o período em da greve portuária, a Associação Nacional de Fabricantes dos Estados Unidos estima que estavam em risco cerca de US$ 2,1 bilhões por dia em comércio de mercadorias, e o dano econômico total pode reduzir o PIB do país em até US$ 5 bilhões por dia.
Uma mobilização mais prolongada afetaria diretamente o comércio exterior brasileiro. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.
Entre janeiro e setembro de 2024, foram US$ 29,4 bilhões (FOB) em cargas brasileiras exportadas para os americanos e US$ 30,7 bilhões em importações, segundo dados da Logcomex. Os números representam alta de 10,3% nas exportações e de 6,2% nas importações, em relação ao mesmo período de 2023.
Os números representam alta de 10,9% nas exportações e de 2,5% nas importações, em relação ao mesmo período de 2023.
Mesmo com o fim da greve, os atrasos e acúmulos de cargas, além dos riscos de novas paralisações ajudou a elevar o preço do frete marítimo, já em ascensão em razão de fatores geopolíticos.
Para se ter uma ideia, o valor médio para se importar um container seco de 20 pés dos Estados Unidos para o Brasil foi de US$ 988 em fevereiro para US$ 1.629 (+64,9%) nas operações agendadas para novembro.
O preço do frete nas exportações brasileiras para os Estados Unidos também disparou. O envio de contêineres de 20 pés para os portos americanos foi de US$ 2.341 em fevereiro para US$ 7.854 (+235%) para as cargas que chegam ao destino em novembro.
Os trabalhadores portuários norte-americanos reivindicavam aumentos salariais e a revisão das cláusulas sobre automação em um contrato de seis anos que expirou em setembro.
A International Longshoremen’s Association, sindicato que representa 45 mil estivadores que estavam em greve, chegou a um acordo para suspender a mobilização até 15 de janeiro, para dar tempo de negociar um novo contrato.
Segundo a Casa Branca, os novos aportes fazem parte da chamada Lei de Redução da Inflação e serão destinados a 27 estados e territórios, incluindo US$ 147 milhões para a Administração Portuária de Maryland, responsável pelo Porto de Baltimore, um dos mais movimentados da Costa Leste e importante centro de importação e exportação de veículos.
Além de criar empregos e melhores condições de trabalho, o investimento será voltado à atualização das operações e da infraestrutura portuárias para equipamentos menos poluentes, por meio de um programa chamado de Clean Ports.
A iniciativa deve apoiar a geração de aproximadamente 40 mil postos de trabalho e aumentar a demanda por equipamentos elétricos de movimentação de carga fabricados nos Estados Unidos.