Importações de aço saltam quase 30% e ampliam desafios para a indústria nacional no 1º trimestre

26 de junho de 2025

Importações de aço saltam quase 30% e ampliam desafios para a indústria nacional no 1º trimestre
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A indústria siderúrgica brasileira enfrenta um cenário de crescente pressão competitiva no início de 2025. Segundo dados recém-divulgados pelo Instituto Aço Brasil, as importações de aço registraram um salto de 29,6% no primeiro trimestre, atingindo 1,49 milhão de toneladas. 

Em contrapartida, as exportações brasileiras recuaram 9,7%, somando 2,41 milhões de toneladas no mesmo período.

Os números revelam um desequilíbrio estrutural preocupante: enquanto a produção nacional de aço bruto apresentou tímido crescimento de 0,6% (chegando a 8,33 milhões de toneladas), o consumo aparente doméstico avançou 11,1% (alcançando 6,65 milhões de toneladas). 

Essa disparidade evidencia que uma parcela significativa do aumento da demanda interna está sendo suprida por fornecedores estrangeiros, comprometendo a sustentabilidade da indústria local.

Particularmente alarmante é o comportamento de segmentos estratégicos: as importações de aços especiais ligados dispararam 208,9%, enquanto as de aço inoxidável cresceram 143,4%. 

Os produtos planos não revestidos, categoria essencial para diversos setores industriais, registraram aumento de 23,5% nas importações, totalizando 988,5 mil toneladas. As chapas revestidas, por sua vez, apresentaram alta de 8,9% nos volumes importados.

O quadro global agrava o desafio brasileiro. A China mantém sua liderança incontestável, respondendo por 55,3% da produção mundial de aço (259,1 milhões de toneladas), enquanto o Brasil representa apenas 1,8% do total global. 

A Índia, em acelerado crescimento siderúrgico, avançou 6,8% na comparação anual, produzindo 40,1 milhões de toneladas.

“Embora o aço brasileiro apresente uma recuperação leve após a retração dos últimos anos, o mercado interno não tem absorvido toda a oferta nacional, enquanto o importado consolida uma fatia cada vez maior do consumo. É uma mudança estrutural e não apenas uma variação sazonal, e isso requer uma resposta clara por parte da indústria e das autoridades responsáveis pela defesa comercial e pela eficiência interna do setor,” avalia o analista José Lima.

As medidas de defesa comercial implementadas nos últimos anos parecem insuficientes diante da intensificação do comércio global e da oferta asiática cada vez mais competitiva. 

Recentemente, o MDIC desmantelou esquemas de fraude em importações de aço que burlavam restrições, demonstrando os desafios adicionais para a efetividade das políticas de proteção. 

A indústria brasileira de aço enfrenta agora o duplo desafio de aumentar sua eficiência produtiva e capacidade de inovação, enquanto busca apoio em políticas públicas que assegurem condições equitativas de competição no mercado nacional.


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