A Vale espera angariar um total de R$ 1 bilhão para investir na exploração de reservas de minerais estratégicos para transição energética, descarbonização e minerais fertilizantes.
Para isso, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), será criado um fundo de investimento com aportes de R$ 250 milhões da mineradora e do banco de fomento. Outros R$ 500 milhões serão levantados por meio de captações no mercado.
Segundo a empresa, os recursos devem ser investidos em cerca de 20 empresas que atuam em pesquisa mineral, desenvolvimento e implantação de novas minas de minerais estratégicos no Brasil. Será o primeiro fundo com participação do BNDES focado em mineração.
Serão priorizados minerais para transição energética e descarbonização, como níquel, lítio e grafite, utilizados em segmentos como o de carros elétricos; alumínio, cobre e terras-raras, empregados em turbinas eólicas; e polisilício, prata e aço, usados na fabricação de em painéis solares.
Outros elementos visados pelo fundo incluem cobalto, estanho, manganês, minérios do grupo da platina, molibdênio, nióbio, silício, tântalo, titânio, tungstênio, urânio, vanádio e zinco. Fosfato, potássio e remineralizadores, fundamentais para a fertilidade do solo, também integram a lista.
O Brasil dispõe de reservas da maioria desses minerais, mas não conta com capacidade para explorá-los em razão da falta de investimentos em infraestrutura.
Brasil tem lítio mais puro, mas explora pouco
Por ser um metal leve, o lítio tem alto potencial eletroquímico e boa relação entre peso e capacidade energética. Por isso, seu uso para baterias de carros híbridos e elétricos é considerado um diferencial. Estimativa do Banco Mundial aponta que a demanda global pelo minério deve aumentar quase 1.000% até 2050.
Atualmente, cerca da metade do lítio do mundo vem da Austrália. Mas a maior concentração é encontrada na Bolívia, na Argentina e no Chile —o chamado “triângulo do lítio”—, onde é extraído de salmouras em lagoas de evaporação.
No Brasil, de acordo com o Ministério de Minas e Energia, o lítio é extraído do mineral espodumênio, em pegmatitos, que é encontrado no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais; na província de Borborema, localizada entre Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, e na província de Solonópole, também no Ceará.
O mineral identificado em território brasileiro é considerado de boa qualidade. Segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), os recursos e reservas brasileiras alcançaram um total de 1 milhão de toneladas, posicionando o Brasil como a 7ª maior reserva mundial.
As exportações brasileiras se concentram no espodumênio bruto, enquanto o Brasil importa o lítio processado.
Segundo dados da Logcomex, nos nove primeiros meses do ano, o país exportou US$ 223,7 milhões em valor FOB do mineral, quase 100% para a China.
Por outro lado, foram importados US$ 534,5 milhões em acumuladores elétricos de íon de lítio, 81% provenientes da indústria chinesa.