As exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos cresceram 113% nos primeiros três meses de 2025 comparado ao mesmo período de 2024, segundo dados da Logcomex. O volume embarcado saltou de 35,6 mil toneladas para 77,3 mil toneladas, com valor total de US$ 371,1 milhões – aumento de 113% em relação aos US$ 174,6 milhões do primeiro trimestre do ano passado.
A disparada ocorre mesmo com o aumento das tarifas de importação anunciado pelo presidente Donald Trump, que elevou a taxa para 36,4% para importar a carne brasileira fora da cota. Isso porque a tarifa anterior era de 26,4%, mas o Governo Americano adicionou uma sobretaxa de 10%. Já as carnes que entram nos EUA a partir de cotas, que antes tinham tarifa zero, passaram a ser taxadas em 10%.
Em abril, o crescimento foi ainda mais expressivo, com aumento de 498% em relação ao mesmo mês de 2024, conforme relatado pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa.
De acordo com a ABIEC, os Estados Unidos saíram de 8 mil toneladas em abril de 2024 para um volume em torno de 48 mil toneladas em abril de 2025.
Entre os produtos exportados, as carnes desossadas de bovino congeladas representam o carro-chefe, com US$ 349,7 milhões (94,2% do total), seguidas pelas carnes desossadas frescas ou refrigeradas, com US$ 16 milhões (4,3%). A demanda americana é explicada pela redução histórica do rebanho bovino do país, que atingiu o menor nível em 80 anos, aliada ao elevado consumo de carne.
Os EUA são atualmente o segundo maior destino das exportações de carne bovina brasileira, atrás apenas da China. De acordo com a ABIEC, no acumulado de janeiro a abril, o Brasil exportou 949,9 mil toneladas de carne bovina, crescimento de 13,5% frente ao mesmo período de 2024. A receita somou US$ 4,55 bilhões, avanço de 23,7%. A China segue como principal destino no ano, com 392,3 mil toneladas embarcadas (US$ 1,89 bilhão), alta de 12,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso representa 41,3% de participação no volume total exportado.
Já os Estados Unidos mais que quintuplicaram suas compras no quadrimestre, somando 135,8 mil toneladas e consolidando-se como o segundo maior destino das exportações brasileiras (14,3% de participação).
A Austrália é a maior fornecedora de carne para os EUA, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, seguida por Canadá, México e Brasil. Segundo o presidente da Abiec, os australianos vendem carnes que vão direto para as prateleiras do varejo americano, enquanto o Brasil fornece produtos principalmente para a indústria de carne processada.