A intensificação da disputa comercial entre Estados Unidos e China coloca o Brasil em uma posição estratégica, exigindo equilíbrio nas relações com seus dois principais parceiros comerciais. O cenário impõe desafios, mas também abre espaço para novas oportunidades em setores específicos da economia.
Na aviação, a decisão da China de suspender compras de aeronaves e componentes dos EUA amplia as possibilidades para a indústria brasileira. A Embraer pode fortalecer sua presença no mercado chinês, impulsionada pela sinalização de interesse de Pequim em diversificar seus fornecedores.
A indústria nacional de aço e alumínio, por outro lado, enfrenta uma conjuntura mais delicada. Além das tarifas impostas pelos EUA — que foram reduzidas temporariamente de 25% para 10% —, há o temor de que parte da produção chinesa seja direcionada ao Brasil, ampliando a competição em um mercado já pressionado.
No agronegócio, o Brasil encontra condições mais favoráveis. Com a imposição de barreiras chinesas a produtos americanos, como carne bovina, soja e grãos, os exportadores brasileiros ganham acesso ampliado ao mercado asiático, um dos maiores do mundo.
O debate sobre as terras raras também ganha relevância. Com a terceira maior reserva mundial desses minerais, o Brasil pode atrair investimentos para desenvolver capacidade de processamento interno, contribuindo para a diversificação das cadeias globais, especialmente diante das restrições impostas pela China sobre tecnologias associadas ao setor.
Já a indústria automotiva, que apresentou crescimento de 15% em 2024, começa a sentir os efeitos da instabilidade. A redução nas exportações e o possível redirecionamento da produção mexicana para países do Mercosul criam um ambiente de incerteza para o setor.