A China anunciou a suspensão das importações de carnes processadas e não processadas de ovinos, caprinos, aves e ungulados de dedos pares de diversos países da África, Ásia e Europa, sob a alegação de casos de doenças animais como varíola ovina, varíola caprina e febre aftosa.
A proibição ocorre depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou informações sobre surtos dessas patologias em várias localidades, de acordo com uma série de anúncios da Administração Geral de Alfândega da China.
No caso de ovinos, caprinos e produtos relacionados, a China informou que suspendeu as importações de Palestina, Paquistão, Afeganistão, Nepal e Bangladesh, em razão de surtos de varíola em espécies dos gêneros.
A decisão do país asiático, maior importador de carnes do mundo, afeta ainda Gana, Somália, Catar, Congo, Nigéria e Tanzânia, Egito, Bulgária, Timor Leste e Eritréia.
O país também anunciou o bloqueio de importações de ungulados de dedos pares e produtos relacionados da Alemanha após um surto de febre aftosa.
À primeira vista, as medidas poderiam indiretamente beneficiar o Brasil, que mantém uma boa relação com o país asiático como um dos principais fornecedores de proteína animal para o mercado chinês.
No ano passado, segundo dados da Logcomex, o Brasil exportou para a China 1,3 milhão de toneladas de carne bovina congelada (NCM 0202.30.00), uma alta de 10,6% em relação a 2023.
As restrições, no entanto, levantam dúvidas entre analistas sobre as reais motivações da China, que podem estar relacionadas a uma escalada protecionista diante de mudanças no comércio global, principalmente em razão da competição com os Estados Unidos.
As medidas se somam a outras recentes restrições do governo chinês sobre o comércio de produtos agropecuários. No fim do ano passado, o Brasil, juntamente com outros grandes exportadores de carne bovina, passou a ser alvo de uma investigação para possível aplicação de salvaguardas.
A apuração, segundo o Ministério do Comércio da China, foi iniciada a partir de pedido da Associação de Agricultura Animal da China e de nove associações industriais das principais regiões produtoras do país, que alegam que o aumento das importações teria causado danos à produção local.Na semana passada, o país asiático suspendeu as compras de soja de cinco unidades de empresas brasileiras, alegando a detecção de pestes e resíduos de pesticidas em cargas importadas do Brasil.