A diferença entre as exportações e importações da China deve ficar perto de US$ 1 trilhão neste ano caso mantenha o ritmo observado até agora, segundo cálculos da Bloomberg.
Somente nos dez primeiros meses de 2024, a balança comercial chinesa atingiu um superávit de US$ 785 bilhões, recorde histórico para o período e um crescimento de cerca de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os números refletem ainda um aumento expressivo no volume de exportações, uma vez que os preços dos produtos fornecidos ao exterior apresentam tendência de queda.
De acordo com os dados divulgados pelo país, a China tem superávit comercial na relação com 170 países, o maior número desde 2021.
O comércio exterior tem sido a estratégia adotada pela China para compensar um mal desempenho da demanda interna, que o país recentemente começou a tentar combater por meio de estímulos na economia.
Em setembro, o Banco Central chinês injetou 1 trilhão de yuans (cerca de R$ 800 bilhões) na economia, além de reduzir as taxas de juros.
O crescimento sustentado das exportações chinesas, no entanto, enfrenta resistência cada vez maior pelo mundo e terá um desafio maior a partir de 2025, quando assume o novo governo norte-americano.
A promessa do presidente eleito é impor amplas barreiras tarifárias a produtos chineses, reduzindo o fluxo do comércio exterior da China. Outros países, da América do Sul à Europa, já aumentaram tarifas de importação contra mercadorias chinesas, como aço e veículos elétricos.
Por enquanto, a resposta da China tem sido prometer mais apoio a empresas responsáveis pelo aumento nas exportações nos últimos anos.
O país asiático é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil. Segundo dados da Logcomex, nos dez primeiros meses de 2024, o mercado chinês foi destino de 39% de todas as exportações brasileiras e fornecedor de 30% das importações.
Os principais produtos exportados pelo Brasil para a China nos dez primeiros meses de 2024 foram:
- Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura (NCM 1201.90.00) – US$ 30,0 bi (FOB);
- Óleos brutos de petróleo (NCM 2709.00.10) – US$ 17,5 bi (FOB);
- Minérios de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro ustuladas (cinzas de piritas), não aglomerados (NCM 2601.11.00) – US$ 16,8 bi (FOB);
- Carnes desossadas de bovino, congeladas (NCM 0202.30.00) – US$ 4,8 bi (FOB);
- Pastas químicas de madeira, à soda ou ao sulfato, exceto pastas para dissolução, semibranqueadas ou branqueadas, de não coníferas (NCM 4703.29.00) – US$ 3,3 bi (FOB).
Já os principais produtos importados da China pelo Brasil entre janeiro e outubro foram:
- Células fotovoltaicas montadas em módulos ou em painéis (NCM 8541.43.00) – US$ 2,2 bi (FOB);
- Outros veículos, equipados para propulsão, simultaneamente, com um motor de pistão alternativo de ignição por centelha (faísca) e um motor elétrico, suscetíveis de serem carregados por conexão a uma fonte externa de energia elétrica (NCM 8703.60.00) – US$ 1,4 bi (FOB);
- Outros veículos, equipados unicamente com motor elétrico para propulsão (NCM 8703.80.00) – US$ 1,3 bi (FOB);
- Outros suportes gravados, para reprodução de fenômeno diferente de som ou imagem (NCM 8524.91.00) – US$ 1,1 bi (FOB);
- Outras partes de aparelhos telefônicos, incluindo smartphones e aparelhos para redes celulares ou redes sem fio (NCM 8517.79.00) – US$ 1,1 bi (FOB).