De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC), a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 1,4 bilhão — resultado de US$ 7 bi em exportações contra US$ 5,6 bi em importações – totalizando corrente de comércio de US$ 12,6 bilhões – somente na segunda semana de outubro.
O superávit registrado reflete uma força consolidada da economia brasileira em manter uma balança comercial positiva, o que gera estabilidade para o mercado interno e fortalece a posição do país como fornecedor de commodities e produtos industriais.
As empresas brasileiras, especialmente as ligadas à Indústria de Transformação, beneficiaram-se diretamente desse crescimento, que tiveram um aumento de 5,9% nas exportações e 18,4% nas importações.
O fortalecimento desse setor é um sinal de recuperação e expansão da indústria, abrindo caminho para novos investimentos e desenvolvimento de cadeias produtivas mais robustas.
Por outro lado, a queda de 21,7% nas exportações no setor agropecuário demonstra cenários desafiadores.
Esse declínio pode ser atribuído aos fatores climáticos desfavoráveis e até mesmo aos desafios logísticos que afetam a competitividade do agronegócio brasileiro.
Essa retração impacta níveis de oscilação comercial e pode impulsionar ainda mais a inflação dos alimentos, afetando tanto consumidores quanto empresas que dependem desses produtos.
Além disso, o crescimento atual pode ser uma ameaça para a indústria nacional, caso a competitividade dos produtos locais não consiga acompanhar o ritmo das importações, prejudicando setores que já enfrentam desafios de custo de produção e inovação.
Para empresas desse setor, este cenário se traduz na necessidade de inovação, diversificação de produtos e revisão de estratégias para mitigar impactos de sazonalidade e volatilidade dos preços internacionais.
Oportunidades
O crescimento das exportações na Indústria de Transformação, de 18,4%, destaca uma oportunidade significativa para o setor industrial brasileiro.
Empresas do exterior que dependem de insumos importados podem se beneficiar de maior disponibilidade de materiais e tecnologia para aprimorar sua produção e inovar em seus processos.
Dados de comércio global: Exportações de janeiro a setembro
Segundo a Logcomex, de janeiro a setembro de 2024, a produção vegetal, animal e caça registrou discreta queda de 8% no FOB exportado (em relação ao mesmo período de 2023), que registrou valor de US$ 58 bilhões.
Já a fabricação de produtos alimentícios registrou aumento de 5% no FOB — US$ 46,6 bilhões, enquanto o setor de extração de petróleo bruto e gás natural registrou aumento de 14% no FOB exportado – US$ 34,8 bilhões, em comparação com o mesmo período de 2023.
Em relação as NCMs mais exportadas no período, podemos citar:
- NCM 1201.90.00 – Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura | FOB: US$ 39 bilhões (-15%) | Peso em Kg líquido: 89 megatoneladas (+3%);
- NCM 2709.00.10 – Óleos brutos de petróleo | FOB: US$34,8 bilhões (+14%) | Peso em Kg líquido: 69 megatoneladas (+15%);
- NCM 2601.11.00 – Minérios de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro ustuladas (cinzas de piritas), não aglomerados | FOB: US$ 20,7 bilhões (+6%) | Peso em Kg líquido: 270 megatoneladas (+6%).
No período analisado, de janeiro a setembro de 2024, a China consolidou-se como a maior parceira comercial do Brasil, liderando o ranking de principais países de destino das exportações brasileiras. Veja a seguir:
- 1ª lugar: China – FOB: US$ 76,7 bilhões (40%)
- 2ª lugar: Estados Unidos da América (EUA) – FOB: US$ 29,4 bilhões (15%)
- 3º lugar: Argentina – FOB: US$ 9,7 bilhões (5%)
Em relação aos principais estados brasileiros exportadores, ocupam o ranking:
- 1º lugar: São Paulo (SP) – FOB: US$ 52,1 bilhões (21%)
- 2º lugar: Rio de Janeiro (RJ) – FOB: US$ 34 bilhões (13%)
- 3º lugar: Minas Gerais (MG) – FOB: US$ 31,6 bilhões (12%)
No Brasil, o Porto de Santos consolidou-se como a principal unidade de desembaraço aduaneiro no período analisado. O FOB registrado foi de US$ 76,4 bilhões (32%).
Em segundo lugar, aparece o Porto de Itaguaí com FOB registrado de US$ 21,9 bilhões (9%) e, em terceira posição, o Porto de Paranaguá com FOB registrado de US$ 21 bilhões (9%).
Balança comercial: Entenda o cenário das importações
De acordo com a Logcomex, de janeiro a setembro de 2024, as importações brasileiras registraram valor FOB de US$ 196,3 bilhões, representando aumento de 8% em comparação com o mesmo período de 2023.
No período analisado, o setor de fabricação de produtos químicos registrou discreta queda de 2% na variação do valor FOB – US$ 36,1 bilhões – em comparação com o ano passado. No entanto, o peso em Kg Líquido importado aumentou 12% – 49 megatoneladas.
Já a fabricação de produtos informáticos, eletrônicos e ópticos, teve valor FOB registrado de US$ 20,4 bilhões (+6%) e aumento de 26% no peso em KG líquido importado, saindo de 954 mil toneladas em 2023, para 1,2 megatoneladas de janeiro a setembro de 2024.
Outros setores que registraram aumento no FOB importado:
- Fabricação de máquinas e equipamentos N.C. | FOB: US$ 20 bilhões (+11%) | Peso em Kg Líquido: 1,8 megatoneladas (+17%).
- Fabricação de veículos automóveis | FOB: US$ 18,5 bilhões (+28%) | Peso em Kg Líquido: 1,6 megatoneladas (+27%).
Confira, a seguir, as três NCMs mais importadas no período e seu desempenho comparado com o ano anterior:
- 2709.00.10 – Óleos brutos de petróleo – FOB: US$ 6,7 bilhões (-2%) | Peso em Kg Líquido: 10,5 megatoneladas (-5%);
- 2710.19.21 – Gasóleo (Óleo Diesel) – FOB: US$ 6,5 bilhões (-4%) | Peso em Kg Líquido: 9,2 megatoneladas (+6%);
- 3104.20.90 – Outros cloretos de potássio – FOB: US$ 2,9 bilhões (-25%) | Peso em Kg Líquido: 10,7 megatoneladas (+12%).
Ranking países exportadores (jan a set 24)
- 1º lugar: China – FOB: US$ 46,3 bilhões (30%)
- 2º lugar: Estados Unidos – FOB US$ 30,6 bilhões (20%)
- 3º lugar: Alemanha – FOB: US$ 10,5 bilhões (7%)
Ranking Estados brasileiros importadores (jan a set 24)
- 1º lugar: São Paulo (SP) – FOB: US$ 56,5 bilhões (29%)
- 2º lugar Santa Catarina (SC) – FOB: US$ 24,7 bilhões (13%)
- 3º lugar Rio de Janeiro (RJ) – FOB: US$ 20,7 bilhões (11%)
O Porto de Santos ocupa a primeira posição como principal unidade de desembaraço aduaneiro, com FOB movimentado de US$ 53,7 bilhões (30%), seguido do Porto de Paranaguá com FOB US$ 14,3 bilhões (8%) e, por fim, o Aeroporto Internacional de Viracopos com US$ 12,2 bilhões de FOB movimentado (7%).
Balança comercial: Desempenho importações na segunda semana de outubro
Na segunda semana de outubro de 2024, o desempenho das importações, de acordo com a Secex, foi:
- Crescimento de US$ 2,42 milhões (14,4%) em Agropecuária;
- Queda de US$ 9,05 milhões (11,2%) em Indústria Extrativa;
- Crescimento de US$ 160,18 milhões (18,4%) em Indústria de Transformação.