A retomada econômica mundial enfrenta seu maior desafio desde a pandemia. Segundo dados divulgados pela OCDE em 3 de junho, o crescimento global deve desacelerar para 2,9% em 2025 e 2026, com a escalada de políticas protecionistas figurando como principal catalisador deste recuo. O aumento de tarifas sobre o aço, alumínio e outros produtos já afeta investimentos e redesenha o mapa do comércio internacional.
A revisão da OCDE expõe a fragilidade da economia americana frente às próprias políticas restritivas. A projeção de crescimento dos EUA despencou de 2,2% para 1,6% em 2025, evidenciando o efeito boomerang das barreiras comerciais impostas. Para a China, a expectativa é de crescimento de 4,7%, enquanto a Zona do Euro manteve sua modesta projeção de 1%.
O Brasil, por sua vez, possui o crescimento previsto de 2,1% para 2025. No entanto, a sua condição de exportador de commodities e produtos industriais para mercados-chave coloca o país na linha de frente dos impactos secundários desta guerra comercial.
A tensão comercial emerge em momento peculiar para a economia europeia, que acaba de registrar inflação de 1,9% em maio – abaixo da meta de 2% pela primeira vez desde o início da crise sanitária. Este cenário desinflacionário, que normalmente abriria espaço para flexibilização monetária, agora encontra-se comprometido pelos riscos associados ao protecionismo crescente.
A OCDE teme que a fragmentação do comércio possa desacelerar o crescimento mundial e desencadear interrupções significativas nas cadeias de suprimentos entre as nações.
Os mercados financeiros globais têm reagido com cautela às novas projeções econômicas, refletindo a preocupação com os desdobramentos da desaceleração global sobre diversas economias, incluindo a brasileira.
Futuros americanos e bolsas europeias registraram queda, enquanto o EWZ – fundo que representa ações brasileiras em Nova York – recuou quase 1% no pré-mercado.
O menor ritmo de crescimento global desde a pandemia representa um ponto de inflexão para empresas com operações internacionais. Para executivos de comércio exterior, o momento exige mais do que adaptação – demanda inovação. A revisão de estratégias comerciais, a diversificação geográfica de mercados e o redesenho de cadeias de suprimentos tornam-se imperativos diante de um cenário fragmentado.
A capacidade de antecipar impactos setoriais específicos das novas barreiras comerciais e de implementar planos de contingência ágeis será o diferencial competitivo nos próximos trimestres. A conjuntura atual não apenas desafia modelos de negócios estabelecidos, mas oferece oportunidade única para empresas capazes de navegar com expertise neste novo mapa do comércio global.