Acordo EUA-China alivia tensão comercial e reduz risco de “desvio” para o Brasil

15 de maio de 2025

Acordo EUA-China alivia tensão comercial e reduz risco de “desvio” para o Brasil
Compartilhe

O acordo para redução temporária de tarifas comerciais entre Estados Unidos e China, anunciado na última segunda-feira após intensas negociações em Genebra, traz impactos diretos para o comércio exterior brasileiro.

De acordo com a Logcomex, no primeiro quadrimestre deste ano — janeiro a abril — as importações advindas da China registraram aumento de 28% — US$ 24 bilhões — em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foi registrado um FOB de US$ 18,7 bilhões.

É válido ressaltar que os setores industriais que apresentaram aumento das importações no período estão relacionados à fabricação de produtos químicos básicos, fertilizantes e compostos nitrogenados, plásticos e borracha sintética em formas primárias – com FOB no valor de US$2,6 bilhões (+30%), além de fabricação de máquinas de uso geral — com FOB de US$ 2,2 bilhões (+30%) em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foi registrado FOB de US$2 bilhões e US$1,7 bilhão respectivamente.

A secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, avalia o entendimento como “positivo para o Brasil”. Segundo o comunicado conjunto, os EUA reduzirão suas alíquotas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China diminuirá as tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%, por um período de 90 dias.

“O acordo mitiga o risco de desvio do comércio para o Brasil”, afirmou Prazeres ao jornal O GLOBO, destacando que o entendimento deve reduzir a pressão pela entrada de produtos chineses barrados nos EUA, o que preocupa setores como calçados e confecções.

No entanto, dados do setor logístico já apontam para uma intensificação da presença chinesa no mercado brasileiro durante o mês em que o tarifaço entrou em vigor. Uma transportadora que atende indústrias gigantes do mercado asiático, registrou aumento de 17% a 20% nas remessas em abril comparado a março. Em produtos eletrônicos, o crescimento chegou a 40%.

Michel Platini, presidente da Associação Brasileira de Importadores (Abimp), confirma que fornecedores chineses estão melhorando ofertas para atrair consumidores brasileiros, com condições de pagamento mais flexíveis e preços mais atrativos.

O acordo ocorre enquanto o Brasil ainda negocia com os EUA sobre as sobretaxas de 25% para aço e alumínio e 10% para demais produtos brasileiros.


Notícias relacionadas

Assine nossa newsletter

Receba as novidades e promoções exclusivas, fique tranquilo o seu email está seguro com a gente!