A indústria de autopeças terminou o ano de 2024 com um déficit comercial de US$ 13,1 bilhões, o que representa um aumento de 34% em relação ao resultado negativo de 2023, segundo relatório do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
O número é resultado de um aumento de 11,5% no valor total de importações, que totalizou US$ 21 bilhões (FOB), e a uma queda de 12,9% no de exportações, que somou US$ 7,9 bilhões, de acordo com a entidade, que monitora dados de comércio internacional de 240 produtos.
Para o Sindipeças, o aumento das compras estrangeiras se deve, em parte, à expansão da produção interna, que faz com que as empresas recorram ao mercado externo para suprir a demanda do país.
Outro importante fator é o crescimento nas importações de veículos elétricos e híbricos, principalmente da China, que exigem peças de reposição, acessórios e componentes específicos, sem oferta de produtos locais.
Em 2024, as importações de veículos híbridos e elétricos somaram US$ 4,5 bilhões (FOB), uma alta de 85,2% em relação ao ano anterior, mostram dados da Logcomex. Considerando os modelos puramente elétricos, o avanço chegou a 107,7% na mesma comparação.
As exportações de autopeças, por sua vez, foram impactadas fortemente pelo recuo nas vendas em mercados importantes para o comércio brasileiro, como a Argentina (-17,7%) e a Alemanha (-34,6%), ambas afetadas pela retração no nível da atividade econômica nos últimos anos.
No ano passado, a Argentina chegou a reduzir o prazo de acesso ao mercado oficial de câmbio para 30 dias, voltado ao pagamento de importações, e a baixar o imposto de importação de 17,5% para 7,5% sobre todos os bens adquiridos no exterior.
“Essas medidas ainda não tiveram efeito pleno, mostrando-se insuficientes para impulsionar as exportações de veículos e peças para o país vizinho no último ano”, afirma o Sindipeças em seu relatório.
De acordo com dados da Logcomex, entre as peças que tiveram maior aumento em importação no ano passado estão eixos de transmissão com diferencial (NCM 8708.50.80), cujas compras de outros países saltaram 95%, alcançando US$ 132,5 milhões (FOB); para-brisas, vidros traseiros e outros vidros (NCM 8704.22.00), que cresceram 89% em importações, chegando a US$ 20,5 milhões; e volantes de direção (NCM 8708.94.81), que tiveram alta de 68%, somando US$ 56,5 milhões em importações.
Já as autopeças que puxaram para baixo o desempenho das exportações brasileiras foram lideradas por painéis de instrumentos (NCM 8708.29.94), cujo valor de vendas ao exterior caiu 77% na comparação anual, para US$ 2,3 milhões (FOB); outras partes e acessórios de carrocerias (NCM 8708.95.29), cujas exportações retraíram 56%, somando US$ 855,7 mil; e outras caixas de marchas (NCM 8708.40.80), que perdeu 48% no valor de exportação, totalizando em 2024 US$ 79,4 millhões.
Para 2025, as perspectivas do setor são positivas, em razão da provável chegada de novos fornecedores ao país a partir da produção local de marcas chinesas, além de conversas com o governo para redução de entraves logísticos e tributários.