As exportações de grãos da Ucrânia em 2024 atingiram a marca de 9,4 milhões de toneladas, representando um crescimento expressivo em comparação com o ano anterior.
Este aumento traz reflexões importantes para o mercado global, incluindo implicações diretas e indiretas para o Brasil, um dos maiores exportadores agrícolas do mundo.
O aumento das exportações ucranianas fortalece a presença do país no mercado global de grãos, o que, por sua vez, promove maior diversificação no fornecimento mundial de trigo, milho e cevada.
Com 5,4 milhões de toneladas de trigo e 2,6 milhões de toneladas de milho exportadas até setembro, a Ucrânia demonstra resiliência em meio a um cenário geopolítico complexo.
Diversificação de mercado
Para o Brasil, a diversificação dos exportadores globais de grãos pode representar uma oportunidade de aprendizado em termos de inovação tecnológica e eficiência logística.
Empresas brasileiras podem observar as soluções ucranianas em meio a desafios como a guerra e instabilidade política, e adotar práticas que potencializam suas operações de exportação, sobretudo em momentos de crise.
Por outro lado, a forte presença da Ucrânia no mercado global de grãos revela uma possível fragilidade para o Brasil no setor agrícola que enfrentam desafios como condições climáticas adversas em alguns períodos do ano, por exemplo.
Dados de comércio exterior
Dados da Logcomex apontam que as exportações brasileiras de farinha de trigo (NCM: 11010010) registraram queda de 93% no valor FOB em agosto de 2024 e 95% no peso exportado em comparação com o mesmo período de 2023.
No ranking de principais Estados brasileiros exportadores, São Paulo (SP) ocupa o primeiro lugar com 37% das exportações, seguida do Paraná (PR) com 18% e Maranhão (MA) com 7%.
A NCM 10059010 refere-se ao milho em grão, exceto para semeadura, e, em agosto deste ano, sofreu uma queda acentuada de 47% nas exportações. O peso exportado também reduziu 35%.
Exportação de grãos: oportunidades para o Brasil
Caso as exportações ucranianas mantenham seus preços competitivos, poderá haver um aumento da oferta global de grãos, beneficiando alguns setores, como o de ração animal, por exemplo.
Empresas brasileiras que utilizam milho ou trigo como matéria prima podem beneficiar-se com redução de custos de insumos, permitindo a aplicação de uma maior margem para investimentos em inovação e expansão de negócios.
Além disso, a demanda por produtos diferenciados, como grãos orgânicos e especiais é crescente no mercado europeu e norte-americano, representando uma oportunidade para o Brasil explorar esses nichos de mercado.
De janeiro a agosto de 2024, o Brasil também exportou para a União Europeia: Café não torrado, com valor FOB de US$ 3,3 bilhões e soja com um valor FOB de US$ 2,6 bilhões.
Desafios
Embora haja oportunidades, o aumento da competitividade ucraniana no mercado global de grãos pode representar sim uma ameaça ao agronegócio brasileiro.
O impacto de possíveis variações nos preços globais também é uma preocupação.
Com o aumento da oferta, pode haver uma pressão para redução de preços, afetando as margens de lucro dos exportadores brasileiros, principalmente aqueles que dependem de volumes maiores para compensar os custos logísticos.
E, claro que não poderíamos deixar de mencionar, o cenário geopolítico. A situação na Ucrânia pode mudar rapidamente devido às questões de segurança e instabilidade política.
Conclusão
As exportações de grãos pela Ucrânia, vem apresentando um cenário com alguns contrastes para o mercado brasileiro.
Por um lado, oferecem oportunidades para empresas que buscam grãos mais baratos.
Porém, por outro, também expõem ameaças competitivas para o agronegócio nacional.
Sendo assim, é de extrema importância que as empresas brasileiras que atuam no comércio internacional, estejam atentas às tendências globais, diversifiquem seus mercados e, claro, invistam em inovação para manter sua competitividade.