A proposta em estudo pelo governo federal de reduzir o imposto de importação de alimentos para conter a inflação no setor foi mal recebida por representantes do agronegócio brasileiro.
Apesar de a medida poder beneficar consumidores, as consequências podem ser negativas para produtores locais, em razão da concorrência direta com os produtos estrangeiros.
Nesta semana, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) divulgou nota em que repudia a proposta.
“Reduzir alíquotas de importação, conforme anunciado pelos ministros da Casa Civil e da Agricultura e Pecuária, para reduzir preços internos dos alimentos é um absurdo”, declarou o presidente da entidade, Ágide Eduardo Meneguette.
Segundo ele, os preços praticados internamente são resultado dos elevados custos de produção e do chamado Custo Brasil, e não das margens de lucro das indústrias ou dos produtores rurais.
“A importação indiscriminada, somente em função do apelo do preço, poderá sentenciar muitos produtores a encerrarem suas atividades”, disse.
No Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também repudiou a iniciativa, que classificou como “desesperada e mal pensada”.
Na semana passada, ao anunciar a ideia, ministros citaram o exemplo do milho, cujo preço no mercado brasileiro está acima do praticado internacionalmente.
A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) manifestou surpresa e preocupação com a iniciativa, que, segundo a entidade, pode ter consequências negativa para os produtores brasileiros.
Em vez de reduzir a taxa de importação, a associação defende que o governo invista em políticas públicas que estimulem a produção nacional e a competitividade do setor.
Dados da Logcomex mostram que as importações de produtos alimentícios (CUCI 01-09) já tiveram alta de 13,6% em 2024, na comparação com 2023, alcançando US$ 11,5 bilhões (FOB).Apesar disso, a inflação de alimentos atingiu 7,69% no ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).