Nos primeiros nove meses de 2025 (Janeiro a setembro), o setor têxtil brasileiro registrou um crescimento nominal em ambas as pontas do comércio exterior.
As exportações avançaram 9%, impulsionadas pela forte demanda por denim (+35%) e fibras naturais (+13%) na América do Sul, de acordo com a Logcomex. Contudo, as importações cresceram 3%, atingindo US$2,5 bilhões, um volume cinco vezes superior ao exportado.
O resultado é a manutenção de um déficit estrutural de US$2,0 bilhões no período, evidenciando a dependência do país por insumos e produtos acabados.
A análise aprofundada revela riscos estratégicos em ambas as pontas da balança:
Diversificação da matriz de suprimentos
Inicie um programa de desenvolvimento e qualificação de fornecedores secundários (ex: Índia, Turquia) para os principais insumos (poliéster), reduzindo a exposição a interrupções logísticas ou mudanças de custo na China.
Diversificação de receita
Alavanque o crescimento em produtos de nicho (denim e fibras técnicas) para expandir a presença em mercados de maior valor agregado (EUA e México), utilizando os hubs marítimos (Santos) para reduzir a dependência do eixo Mercosul.
Monitoramento de concorrência
Acompanhe o avanço de produtos acabados importados (ex: edredões, +21%), que concorrem diretamente com a indústria nacional, e reavaliar o mix de insumos diante da migração do mercado de viscose (-24%) para poliéster (+8%).
Contexto macro e setorial (janeiro a setembro de 2025)
A análise do setor de têxteis no contexto do comércio exterior brasileiro é pautada por um cenário de ligeiro otimismo.
Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) mostram que a produção do setor apresentou recuperação no primeiro quadrimestre deste ano com aumento de 13,7% em comparação com o primeiro trimestre de 2024, consolidando uma alta de 8,1% no acumulado de 12 meses.
Já o Índice de Confiança do Empresário do Setor Têxtil e de Confecção (ICETEC) tem se mantido acima da linha de otimismo (50 pontos), marcando 67,38 pontos em setembro.
As principais variáveis externas que impactam o setor nos nove primeiros meses de 2025 são:
Preços de matérias-primas
O mercado global de commodities têxteis favorece as fibras sintéticas. O preço do petróleo em patamares estáveis resulta em um poliéster mais barato. Em contrapartida, o algodão enfrenta preços internacionais baixos, pressionados por safras robustas. Esta dinâmica estimula a importação de sintéticos e desafia a rentabilidade da cadeia de fibras naturais.
Tendências globais
O mercado global é impulsionado pela busca por sustentabilidade (materiais ecológicos, reciclagem de poliéster) e pela inovação em têxteis técnicos (tecidos funcionais e inteligentes).
Balança comercial setor Têxtil (Jan. a set. 2025)
| Métrica | Valor (Jan-Set 2025) | Variação (vs. 2024) | Contexto adicional |
| Importações | US$ 2,5 bilhões | +3% | Frente a US$ 2,4 bilhões em 2024. |
| Exportações | US$ 501,4 milhões | +9% | Frente a US$ 459,5 milhões em 2024. O avanço parte de uma base comparativa muito menor |
| Cobertura | 20% | N/A | Valor exportado cobriu apenas 20% do valor importado, sublinhando o desafio estrutural de competitividade. |
O crescimento de 3% nas importações mascara movimentos divergentes. A análise revela uma forte preferência por insumos sintéticos de baixo custo e um aumento na entrada de produtos acabados.
Análise dos países de origem: Dependência estrutural da China
O mapa de fornecedores do Brasil permanece com um nível extremo de concentração.
Logística (Unidades de Desembaraço)
Esta concentração logística cria um gargalo: interrupções nas operações destes dois portos podem paralisar o suprimento da indústria.
As exportações apresentaram um crescimento de 9%, atingindo US$501,4 milhões, mas revelam uma pauta de produtos e destinos com alta concentração.
De acordo com a Logcomex:
| NCM | Produto | Destaque/Status | Variação (vs. 2024) | Valor (Jan-Set 2025) |
| 52094210 | Tecidos de denim | Principal Destaque | +35% | US$ 27,2 milhões |
| 56072100 | Cordéis de sisal | Destaque de Crescimento | +34% | US$ 21,2 milhões |
| 53050090 | Outras fibras vegetais | Destaque de Crescimento | +13% | US$ 33,6 milhões |
Ponto de Retração: Em sentido oposto, o NCM 56031130 (Falsos tecidos de polipropileno) sofreu uma queda acentuada de -25% (US$17,5 milhões).
A pauta de destinos das exportações demonstra uma forte concentração nos mercados sul-americanos.
Eixo Mercosul: O bloco econômico é o pilar das exportações. Somados, Argentina (28%), Paraguai (14%) e Uruguai (6%) representam 48% do total exportado.
Mercados de diversificação: Fora do eixo regional, os Estados Unidos (9%, US$43,2 milhões) e a China (5%, US$26,5 milhões) destacam-se como os principais destinos.
Principais unidades de Desembaraço Aduaneiro
A logística de exportação reflete diretamente a dependência do Mercosul.
1. Risco de suprimento: A dependência da importação (China e SC)
A cadeia de suprimentos nacional está estrategicamente vulnerável. A importação de US$ 2,5 bilhões depende em 70% da China (US$1,6 bilhão).
Simultaneamente, a logística de entrada está concentrada nos portos de Itajaí e São Francisco do Sul (SC), que respondem por 38% do desembaraço.
O desempenho de exportação (US$501,4 milhões) é positivamente impulsionado por um crescimento de 9%, mas sua receita está concentrada em mercados de alta proximidade geográfica. O bloco Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai) responde por 48% de toda a receita de exportação.
Estratégia 2: Utilizar o Porto de Santos (23% das saídas) como plataforma para diversificar ativamente os destinos, mirando mercados com potencial de crescimento (EUA e México), reduzindo a dependência da receita regional.
Implicação: O desempenho financeiro da pauta exportadora do setor têxtil está diretamente atrelado à demanda e às condições econômicas de poucos mercados vizinhos, com 38% do escoamento dependendo de apenas dois corredores terrestres (Uruguaiana e Foz do Iguaçu).
Estratégia 1: Manter a dominância nos mercados do Mercosul, que absorvem bem produtos como o denim (crescimento de 35%).
Leia também: Exportações da indústria têxtil: Desafios e rotas de crescimento
A análise das NCMs revela mudanças claras no consumo e na competição:
Estratégia: Empresas que dependem da viscose devem reavaliar seu mix de produtos ou fortalecer seus argumentos de sustentabilidade (vs. sintéticos) para justificar o preço.
Ameaça (Produto Acabado): O crescimento de 21% na importação de colchas e edredões (NCM 94044000) sinaliza uma concorrência direta e crescente de produtos asiáticos de maior valor agregado.
Oportunidade (Troca de Fibras): A queda de -24% na importação de fios de viscose (NCM 55101111) combinada com a alta de +8% em tecidos de poliéster (NCM 54075210) confirma uma migração do mercado para insumos sintéticos de menor custo.
Para executar as ações estratégicas delineadas neste relatório, o monitoramento de dados em tempo real é fundamental.
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