Highlights
- O setor cervejeiro brasileiro vive um momento de plena expansão. Segundo a IWSR, referência mundial em dados e insights sobre a indústria global de bebidas, o Brasil deve ser o mercado com maior taxa de crescimento anual composta (CAGR), de +3%, a partir de 2023 até 2028, tanto em termos de valor quanto de volume. Em todo o mundo, o CAGR estimado para o mesmo período é de +1%.
- Entre as bebidas alcoólicas, a cerveja é o principal produto consumido no Brasil. Dos 12,29 bilhões de litros de bebidas alcoólicas que se estima que serão vendidas no país em 2024, 11,26 bilhões de litros (91,61%) devem ser do derivado do malte.
- A tendência de crescimento no consumo de cerveja, somada à redução no consumo de vinho e de álcool puro, sugere uma migração do brasileiro das bebidas de maior teor alcoólico para o derivado do malte, mais popular também em razão de fatores culturais e do clima tropical do país.
Introdução
O consumo total de bebidas alcoólicas no Brasil apresenta tendência de crescimento depois de um desvio no ano de 2020 influenciado por mudanças de hábito de consumo provocadas pela pandemia de Covid-19.
Em 2024, projeta-se que o consumo total de bebidas alcoólicas no país chegará a 12,29 bilhões de litros, contra 11,09 bilhões em 2021, 11,31 bilhões em 2022 e 11,74 bilhões em 2023.
A tendência, no entanto, não é igual para todos os segmentos. Até 2029, em termos per capita, observa-se uma provável redução no consumo de vinhos, espumantes, cidras, perrys e vinhos de arroz, mas um aumento no volume de cerveja.
Considerando o consumo per capita de álcool puro, o brasileiro deve reduzir a ingestão de 8,28 litros em 2014 para 6,83 litros em 2029. Em 2024, estima-se que o consumo de álcool por pessoa deve girar em torno de 7,32 litros.
O setor cervejeiro
A cerveja é a principal bebida alcoólica consumida no Brasil. Dos 12,29 bilhões de litros de bebidas alcoólicas que se estima que serão vendidas no país em 2024, 11,26 bilhões de litros (91,61%) devem ser do derivado do malte.
Na contramão das demais bebidas alcoólicas, o mercado de cerveja no Brasil vive um momento de plena expansão, em termos de consumo, produção e exportação.
Segundo a IWSR, referência mundial em dados e insights sobre a indústria global de bebidas, o Brasil deve ser o mercado com maior taxa de crescimento anual composta (CAGR), de +3%, até 2028, tanto em termos de valor quanto de volume. O setor cervejeiro em todo o mundo deve ter um CAGR estimado em +1% no mesmo período.
De acordo com a última edição do Global Beer Consumption Report, da Kirin Holdings Company, o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de cerveja do mundo, atrás apenas de China e Estados Unidos. Conforme o levantamento, em 2022 o brasileiro respondeu por 7,8% do consumo mundial da bebida, o equivalente a 14,932 milhões de litros.
Entre as dez marcas mais valiosas do Brasil, segundo levantamento da consultoria Kantar BrandZ, três são de cervejarias: Brahma, Skol e Antarctica, todas pertencentes à Ambev.
A Ambev domina o mercado de cervejas brasileiras com 59,3% de market share, segundo levantamento recente da Nielsen. Na sequência estão o Grupo Heineken (24,4%) e o Grupo Petrópolis (11,3%). Os dados são referentes ao ano de 2023.
Em termos de consumo per capita por ano, projeções do Statista Market Insights apontam para um crescimento no mercado cervejeiro, que deve subir de 54,56 litros em 2021 para 72,84 litros em 2024 e 80,94 litros em 2029 – alta de 48,35% em oito anos –, apesar da tendência de queda no consumo brasileiro de álcool puro per capita no mesmo período.
Em termos de faturamento, espera-se que a receita no mercado de cerveja, incluindo versões não alcoólicas, atinja US$ 49,3 bilhões em 2024, chegando a US$ 65,8 bilhões em 2029 (+33,47%).
Entre as cervejas sem álcool, o crescimento deve chegar a +35,29%, com o faturamento do segmento saltando de US$ 1,7 bilhão em 2024 para US$ 2,3 bilhões em 2029.
Produção
De 2000 até 2023, o total de cervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disparou de 40 para 1.847.
O volume total da produção declarada de cerveja no Brasil em 2023 foi de 15.361.344.112,77 litros, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Apenas 0,8% do volume de produção de cerveja declarado em 2023 é referente a cerveja sem álcool ou desalcoolizada (teor alcoólico inferior a 0,5%), e 0,3% referente a cerveja com teor alcoólico reduzido ou de baixo teor alcoólico (entre 0,5% e 2%).
99,5% do volume de produção de cerveja declarado diz respeito a cerveja com fermentação do tipo Lager.
Importação em queda
Em termos de comércio exterior, há queda constante na importação brasileira de cerveja desde 2018. Em 2023, o total de bebida proveniente de outros países que entrou no Brasil representou apenas 13,64% do importado cinco anos antes.
Ano | Cerveja importada (kg líquido) | Variação anual |
2018 | 52.216.612 | – |
2019 | 46.247.364 | -11,43% |
2020 | 17.021.653 | -63,19% |
2021 | 18.406.249 | +8,13% |
2022 | 14.897.234 | -19,06% |
2023 | 7.124.997 | -52,17% |
Em 2024, considerando o período entre janeiro e julho, o volume importado da bebida, no entanto, cresceu 17,1% na comparação com o mesmo período de 2023 (4,17 contra 3,56 toneladas líquidas). O valor FOB movimentado nos sete primeiros meses deste ano foi de US$ 4,5 milhões, 18,1% a mais do que no ano passado (US$ 3,81 milhões), conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Em 2024, até julho, o Brasil importou cerveja de 60 países. Cerca de 55% da importação veio da Alemanha. Outros importantes fornecedores são Argentina (13%), Uruguai (10%), Bélgica (7%) e Reino Unido (4%).
Exportação em alta
A exportação de cerveja, por sua vez, cresceu 72,46% desde 2018.
Ano | Cerveja exportada (kg líquido) | Variação anual |
2018 | 135.526.986 | – |
2019 | 128.351.498 | -5,29% |
2020 | 174.429.770 | +35,9% |
2021 | 241.116.776 | +38,23% |
2022 | 200.588.542 | -16,81% |
2023 | 233.735.473 | +16,52% |
Em 2024, considerando os sete primeiros meses do ano, houve aumento de 35,5% na quantidade de cerveja exportada, que chegou a 153,56 toneladas líquidas, contra 113,35 toneladas líquidas registradas em 2023. O valor das exportações saltou 44,5% no mesmo período, alcançando US$ 108,4 milhões, ante US$ 75,02 milhões em igual período do ano anterior.
Os principais destinos da cerveja brasileira estão na América Latina: Paraguai (64% do FOB), Bolívia (17%), Uruguai (7%), Chile (7%), Cuba (2%).
Conclusão
O prognóstico para o setor cervejeiro brasileiro no médio prazo é promissor, com uma expectativa de crescimento significativo que supera a média global. A crescimento da base de consumidores locais de cerveja, impulsionada por fatores culturais e climáticos, reflete uma tendência do comportamento de consumo, indicando que a bebida de malte se consolidará ainda mais como a principal escolha entre as bebidas alcoólicas no Brasil.
Esse contexto não só evidencia a resiliência do mercado, mas também aponta para novas oportunidades de inovação e diversificação dentro da indústria, consolidando a posição do Brasil como um dos líderes no mercado de cerveja no mundo.
Referências
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