Os setores de whisky e gin no Brasil

outubro 3, 2024

Os setores de whisky e gin no Brasil

Highlights

  • Os mercados de whisky e gin tendem a enfrentar uma retração no Brasil até 2029, seguindo a tendência do consumidor local de reduzir o consumo de bebidas de maior teor alcoólico.
  • Apesar disso, há uma expectativa de aumento no faturamento do setor de destilados em razão do consumo de produtos com maior valor agregado.
  • A tendência de crescimento no consumo de cerveja, somada à redução no consumo de vinho, destilados e álcool puro, sugere uma migração do brasileiro das bebidas de maior teor alcoólico para o derivado do malte, mais popular também em razão de fatores culturais e do clima tropical do país.

Introdução

O consumo total de bebidas alcoólicas no Brasil apresenta tendência de crescimento depois de um desvio no ano de 2020 influenciado por mudanças de hábito de consumo provocadas pela pandemia de Covid-19.

Em 2024, projeta-se que o consumo total de bebidas alcoólicas no país chegará a 12,29 bilhões de litros, contra 11,09 bilhões em 2021, 11,31 bilhões em 2022 e 11,74 bilhões em 2023.

A tendência, no entanto, não é igual para todos os segmentos. Até 2029, em termos per capita, observa-se uma provável redução no consumo de vinhos, espumantes, cidras, perrys e vinhos de arroz, mas um aumento no volume de cerveja.

Considerando o consumo per capita de álcool puro, o brasileiro deve reduzir a ingestão de 8,28 litros em 2014 para 6,83 litros em 2029. Em 2024, estima-se que o consumo de álcool por pessoa deve girar em torno de 7,32 litros.

Whisky e gin

Os mercados de whisky e gin devem enfrentar uma retração no Brasil, seguindo a tendência de redução no consumo de bebidas de maior teor alcoólico. Apesar disso, há uma expectativa de alta nas receitas do setor de destilados em razão do aumento no valor agregado dos produtos consumidos.

No caso do whisky, o volume total consumido em casa (vendas em super e hipermercados e e-commerce) deve cair de 269 milhões de litros para 247,8 milhões de litros entre 2024 e 2029. As vendas fora de casa (bares e restaurantes) devem ter uma ligeira variação positiva, de 28,9 milhões de litros para 31,7 milhões de litros.

Com isso, o consumo per capita, considerando vendas totais, tende a cair de 1,37 litros para 1,25 litros.

Estima-se que o preço médio unitário da bebida suba de US$ 13,29 para US$ 15,82 no mesmo período. O faturamento, assim, deve subir de US$ 4 bilhões para US$ 4,4 bilhões (+10%) entre 2024 e 2029, enquanto o ticket médio deve ir dos atuais US$ 18,19 para US$ 19,82.

No caso do gin, o volume total consumido, considerando vendas em casa e fora de casa, deve cair de 12,8 milhões de litros para 12,3 milhões de litros entre 2024 e 2029.

Já o preço por unidade do produto deve subir de US$ 10,88 para US$ 12,95.

Importação

O movimento de redução no consumo de whisky e gin acompanhado do aumento no valor dos produtos reflete-se também no comércio internacional das bebidas.

No caso do whisky, o volume total importado caiu 12,7% nos sete primeiros meses de 2024 na comparação com o mesmo período de 2023, quando já havia retraído 20,2% em relação a 2022.

AnoWhisky importado (kg)Variação
202234.304.018
202327.382.559-20,2%
202423.917.183-12,7%

O preço médio por quilograma de whisky importado, por sua vez, subiu, de US$ 2,95, em 2022, para US$ 3,54 em 2023 (+20,1%) e US$ 3,92 em 2024 (+3,92%).

O principal fornecedor de whisky para o Brasil em 2024 foi o Reino Unido, responsável por 83% do valor FOB das importações brasileiras da bebida entre janeiro e julho. O segundo maior fornecedor ao mercado brasileiro foram os Estados Unidos (14%).

No caso do gin, a queda nas importações é ainda mais acentuada.

AnoGin importado (kg)Variação
20225.662.110
20233.313.006-41,5%
20241.917.167-42,1%

Cerca de 94% do gin importado pelo Brasil é proveniente do Reino Unido.

Exportação

A exportação de destilados brasileiros também vem caindo ano a ano. Tomando o whisky como exemplo e considerando os sete primeiros meses do ano, houve um recuo de 34,4% no volume exportado da bebida entre 2022 e 2023 e uma nova redução, de 12,1% em 2024.

AnoWhisky exportado (kg)Variação
2022570.511
2023374.508-34,4%
2024329.254-12,1%

Os principais compradores do whisky produzido no Brasil, considerando o valor comercializado, são Argentina (37%), Japão (33%) e Países Baixos (17%).

Referências

Banco do Nordeste. (May 31, 2021). Consumption of alcoholic beverages in Brazil from 2020 to 2024 (in billion liters) [Graph]. In Statista. Retrieved September 11, 2024, from https://www.statista.com/statistics/727014/consumption-of-alcoholic-beverages-brazil/

Gin – Brazil. (n.d.). Retrieved September 23, 2024, from https://www.statista.com/outlook/cmo/alcoholic-drinks/spirits/gin/brazil

IWSR. (June 05, 2024). Global Beverage Alcohol Market Set for Moderate Recovery in 2025, While Challenges Persist in 2024. Retrieved September 11, 2024, from https://www.theiwsr.com/press-release/global-beverage-alcohol-market-set-for-moderate-recovery-in-2025-while-challenges-persist-in-2024/

Statista. (June 14, 2024). Average per capita consumption volume of alcoholic beverages in Brazil from 2021 to 2029, by segment (in liters) [Graph]. In Statista. Retrieved September 11, 2024, from https://www.statista.com/forecasts/1453620/alcoholic-drinks-per-capita-consumption-in-brazil-by-type

Statista. (July 25, 2023). Per capita consumption of alcohol in Brazil from 2014 to 2029 (in liters of pure alcohol) [Graph]. In Statista. Retrieved September 11, 2024, from https://www.statista.com/forecasts/1141536/per-capita-alcohol-consumption-forecast-in-brazilWhisky – Brazil. (n.d.). Retrieved September 23, 2024, from https://www.statista.com/outlook/cmo/alcoholic-drinks/spirits/whisky/brazil


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