A indústria têxtil brasileira está em um momento crucial: após um desempenho volátil entre 2023 e 2024, as projeções para 2025 indicam uma retomada significativa, com crescimento total de +11% nas exportações, — comparando os meses de janeiro a agosto de 2025 com o mesmo período de 2024 — atingindo US$ 449 milhões em valor FOB, segundo dados da Logcomex.
A recuperação do setor é uniforme. A força da exportação reside na cadeia primária e em produtos de nicho industrial, registrando aumento de 10% nas exportações de janeiro a agosto, comparado com o mesmo período de 2024.
Enquanto isso, a recuperação da categoria de “Fiação, tecelagem e acabamento” foi pautada no aumento de 12% das exportações no período analisado, comparado com o ano anterior.
A dependência do mercado regional, especialmente do Mercosul (Argentina e Paraguai respondendo por 41% do FOB exportado), mitiga riscos de oscilação em grandes centros globais, mas exige inteligência contínua para evitar choques regulatórios ou cambiais localizados.
Segundo o Export Intel, solução da Logcomex, existem mais de 890 prováveis importadores do segmento têxtil brasileiro.
O setor têxtil brasileiro opera em um cenário de alta complexidade e volatilidade, refletindo as tensões globais e as rápidas mudanças nas cadeias de suprimentos.
O desempenho nacional entre 2023 e 2025 ilustra essa oscilação: As exportações do setor registraram US$458,5 milhões em valor FOB em 2023, seguido por uma retração em 2024 para US$406 milhões (uma queda de -11,45%). No entanto, o desempenho de janeiro a agosto de 2025 indica uma recuperação significativa de +11%, atingindo US$ 449 milhões.
Esse ciclo de retração e retomada é intrinsecamente ligado aos seguintes fatores globais que pautaram a demanda e os custos do setor, notadamente no ano de 2024:
Neste cenário de cautelosa retomada global, o Brasil possui a vantagem de uma cadeia têxtil completa, da produção da fibra ao produto final, e um movimento institucional forte (ex: Liga de Descarbonização da ABIT) que o posiciona para atender às novas exigências de rastreabilidade e sustentabilidade dos grandes mercados.
A análise dos dados de exportação fornecidos pela Logcomex revela que, após um ano de retração e volatilidade (2024), o setor projeta uma reversão de ciclo, evidenciando resiliência e foco em segmentos de maior valor agregado.
1. Desempenho agregado e subsegmentos
O setor de Fabricação de Têxteis atingiu US$ 449 milhões de valor FOB nas exportações de janeiro a agosto de 2025, representando um crescimento de +11% frente aos US$ 406 milhões de 2024. No entanto, o valor de 2025 ainda estará ligeiramente abaixo do pico de US$ 458,5 milhões registrado em 2023.
A recuperação é liderada pelo subsegmento de “Fabricação de outros têxteis”, que alcançou US$ 276 milhões (+10% de janeiro a agosto de 2025), consolidando-se como a maior fatia da exportação. Já o segmento de “Fiação, tecelagem e acabamento” cresceu +12% no período analisado em 2025, alcançando US$ 173 milhões, revertendo a queda acentuada de -20% observada em 2024.
NCM | Descrição | FOB 2025 (Milhões em US$) | Variação 2025 | Análise estratégica |
52094210 | Tecidos de Algodão Denim (Tintos) | US$ 23,4 | +40% | Maior crescimento, sinalizando forte demanda por produtos de valor agregado no vestuário. |
56072100 | Cordéis (Sisal/Agave) | US$ 20,5 | +33% | Forte demanda em produtos industriais/agrícolas, indicando resiliência fora da moda tradicional |
53050090 | Outras Fibras Têxteis Vegetais | US$ 30,2 | +16% | Maior valor FOB individual e crescimento robusto. Essencial para o setor de Fabricação de outros têxteis. |
Em contraste, as NCMs 59113200 (Tecidos e Feltros Industriais) e 52093200 (Tecidos de Algodão Branqueados) mostram estabilidade ou leve retração, indicando saturação ou maior concorrência em seus respectivos nichos.
O fluxo de exportação do segmento têxtil no período de janeiro a agosto de 2025, foi fortemente concentrado, tanto na origem quanto no destino:Origem: Os estados de São Paulo (SP) e Santa Catarina (SC) lideram com 60% do valor total exportado (US$ 171,5 milhões e US$ 99 milhões, respectivamente). Essa concentração sugere uma sinergia logística e tecnológica estabelecida, mas expõe o setor a riscos regionais internos.
A Argentina (28%) e o Paraguai (13%) representam juntos 41% de todas as exportações da indústria têxtil, totalizando US$ 186 milhões, segundo a Logcomex. A forte dependência do Mercosul é uma faca de dois gumes: garante estabilidade e preferência tarifária, mas torna o exportador vulnerável a crises econômicas e restrições comerciais nesses países.
Os Estados Unidos (9%) e a Colômbia (5%) são mercados secundários cruciais para diversificação, enquanto a China (5%) aparece como um parceiro de nicho, provavelmente na compra de matérias-primas e fibras.
A performance da indústria têxtil é diretamente influenciada pela dinâmica competitiva internacional. A análise indica dois vetores críticos para os exportadores brasileiros: a rivalidade setorial e as tendências de consumo.
A rivalidade é intensificada por players asiáticos com vantagens de escala e custos operacionais. No entanto, a ameaça de substitutos representa um desafio ainda mais complexo:
1. Avanço de fibras sintéticas sustentáveis: Embora as fibras vegetais (como o algodão e as fibras naturais em alta nas exportações brasileiras) mantenham valor, o investimento em fibras sintéticas recicladas e de base biológica (ex: PET reciclado, lyocell) ameaça nichos de mercado, principalmente em vestuário de performance e industrial.
2. Tecnologia têxtil (tecidos funcionais): O foco no denim brasileiro, com seu crescimento de +40% (NCM 52094210), exige que a inovação vá além da estética, integrando propriedades como resistência, leveza e smart textiles para manter a competitividade contra produtos premium da Turquia e Portugal.
A principal tendência global é a exigência regulatória e do consumidor por maior transparência.
O desempenho alcançado entre Janeiro e Agosto de 2025 é um indicativo de que a recuperação do setor não é um evento passivo. Pelo contrário, ela é resultado da execução de estratégias focadas, que, se mantidas e aprimoradas, podem transformar a atual dependência regional em resiliência estrutural e expansão consolidada.
Ação estratégica | Foco | Análise |
Começar: Análise de desagregação de risco (DDR) | Mitigação de Risco Mercosul | Argentina e Paraguai representam 41% das exportações. É importante desagregar dados de demanda, estoque e câmbio destes países (via inteligência Logcomex) para prever com antecedência possíveis choques econômicos ou tarifários que afetem o pagamento e a liquidez, protegendo as margens já realizadas. |
Parar: Confiança em Cargas Fracionadas Únicas | Otimização logística | A concentração de exportações em SP e SC (60%) e a proximidade do Mercosul favorecem o consolidado de cargas. Descontinuar a dependência de fretes individuais reduz o custo unitário e melhora a competitividade. |
Continuar: Investimento em Produtos de Alta Variação | Expansão de mercado | É fundamental capitalizar o crescimento já demonstrado em NCMs de nicho (ex: Denim, Fibras Vegetais) (+16% a +40%), alocando recursos de P&D e marketing para Europa/EUA, mercados que demandam valor agregado e certificação. |
Mapeamento de Oportunidades no Pacífico | Diversificação geográfica | Países como Chile, Peru e Colômbia somam 13% e representam a Rota do Pacífico. Iniciar o mapeamento de barreiras não-tarifárias e preferências de compra nesses países para expandir o mercado Andino, reduzindo a concentração no Atlântico Sul. |
Em um setor marcado pela volatilidade global e pela rápida mudança de tendências de consumo, a capacidade de transformar dados brutos em inteligência acionável é o fator de diferenciação. É nesse ponto que a tecnologia se torna o alicerce estratégico para o exportador que compõe a indústria têxtil.
As soluções da Logcomex oferecem a visibilidade crítica para:
Em um ciclo de mercado onde a precisão é crucial, a Logcomex posiciona-se não apenas como um fornecedor de dados, mas como um parceiro estratégico na construção da inteligência de mercado que sustenta a expansão e a resiliência do setor têxtil brasileiro.
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