A análise exclusiva da Logcomex revela que o faturamento da exportação de café brasileiro atingiu US$ 9,8 bilhões nos primeiros oito meses de 2025. EUA e Alemanha lideraram os destinos, enquanto o Porto de Santos centralizou 80% do escoamento.
O mercado global de café demonstra um apetite robusto pelo produto brasileiro. De janeiro a agosto de 2025, as exportações do setor atingiram a marca de US$ 9,8 bilhões, um crescimento expressivo de 39% em comparação com os US$ 7,1 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Os dados, levantados com exclusividade pela Logcomex, indicam que, embora o volume físico apresente flutuações, a receita cambial segue em trajetória de forte valorização.
Essa tendência é corroborada por dados recentes do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé): em setembro, mesmo com a queda de 18,4% no volume exportado (3,75 milhões de sacas de 60 kg), a receita cambial avançou 11,1%, somando US$ 1,37 bilhão. Esse cenário evidencia um aumento significativo nos preços internacionais do produto, que compensa a menor quantidade embarcada.
A espinha dorsal das exportações brasileiras continua sendo o café não processado, mas dados detalhados das NCMs revelam um avanço notável em produtos de maior valor agregado. De acordo com a Logcomex, o café não torrado, não descafeinado, em grão (NCM: 09011110) dominou absolutamente os embarques de janeiro a agosto de 2025, respondendo por US$ 9,1 bilhões, um crescimento de 39% sobre os US$ 6,5 bilhões de 2024.
| Produto Exportado | NCM | Faturamento Jan-Ago 2025 | Crescimento (vs. 2024) | 
| Café não torrado, em grão | 09011110 | US$ 9,1 bilhões | +39% | 
| Café solúvel | 21011110 | US$ 731 milhões | +37% | 
| Café torrado, não descafeinado | 09012100 | US$ 35 milhões | +72% | 
| Café não torrado descafeinado | 09011200 | US$ 13,1 mil | +1.098% | 
Em contrapartida, a NCM 09011190 (café não torrado, exceto em grão) registrou uma queda acentuada de 94%, indicando uma possível readequação de mercado ou classificação, segundo a Logcomex.
O Brasil manteve sua liderança global na produção no ciclo 2024/25, com cerca de 66 milhões de sacas, de acordo com o Statista.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgou as espécies da commodity exportadas no período de janeiro a setembro de 2025:
Os Estados Unidos e a Alemanha se mantiveram como os destinos tradicionais e mais valiosos para o café brasileiro. A forte presença de países europeus, além dos EUA, reforça a importância desses mercados maduros, que continuam a absorver a maior parte da produção premium do Brasil.
A seguir, conheça os principais países de destino das exportações brasileiras de café, de janeiro a agosto de 2025, de acordo com a Logcomex:
| Posição | País | FOB (exportações em US$) | % do Total | 
| 1º | Estados Unidos | US$ 1,5 bilhão | 16% | 
| 2º | Alemanha | US$ 1,2 bilhão | 13% | 
| 3º | Itália | US$ 830,4 milhões | 8% | 
| 4º | Japão | US$ 650,7 milhões | 7% | 
| 5º | Bélgica | US$ 610,6 milhões | 6% | 
Apesar do desempenho financeiro robusto, o setor cafeeiro brasileiro enfrentou um cenário de complexas tensões geopolíticas, notadamente com seu principal parceiro comercial, os Estados Unidos. A imposição de tarifas reconfigurou fluxos comerciais e gerou debates estratégicos.
A sobretaxa de 50% imposta pela administração Trump gerou um efeito adverso direto na inflação americana:
Com o Brasil sendo o maior fornecedor de café para os EUA – país que importa 99% do que consome – a tarifa impactou diretamente o consumidor americano e gerou pressão interna nos EUA para a revisão da medida.
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Em resposta a este cenário de instabilidade com o mercado americano, os dados recentes apontam para um movimento claro de diversificação de destinos.
Liderança mensal: Dados do Cecafé mostram uma mudança significativa no ranking de destinos em setembro: a Alemanha assumiu a liderança na compra de café brasileiro (654,6 mil sacas), superando os Estados Unidos (terceira posição com 332,8 mil sacas).
Aumento de concorrentes: Mais notável é o crescimento exponencial da demanda de outros países produtores: a Colômbia, tradicional concorrente, aumentou suas compras de café brasileiro em 567%, buscando o produto nacional para compor seus próprios blends, comparado com o mês de setembro de 2024.
Embora os dados de setembro mostrem uma reconfiguração pontual, a análise consolidada da Logcomex (Jan-Ago 2025) reafirma a posição dos Estados Unidos como o principal destino em valor, respondendo por US$ 1,5 bilhão (16%) do faturamento total. Fontes do Cecafé, explicaram em entrevista à CNN, reiteram que a relação bilateral é “estratégica” para ambos os lados.
O café brasileiro é considerado insubstituível para a indústria de torrefação americana, sugerindo que, apesar das fricções comerciais de curto prazo, a interdependência entre o maior produtor (Brasil) e o maior consumidor (EUA) deve pautar as negociações futuras.
A logística de exportação do café brasileiro é altamente concentrada no Sudeste do país. A vasta maioria da produção destinada ao exterior teve origem em Minas Gerais e escoou predominantemente pelo Porto de Santos, de janeiro a agosto, segundo dados da Logcomex.
| Posição | Estado exportador | FOB EM US$ (Jan-Ago 2025) | % do Total | 
| 1º | Minas Gerais | US$ 6,8 bilhões | 70% | 
| 2º | São Paulo | US$ 1,17 bilhão | 12% | 
| 3º | Espírito Santo | US$ 1,11 bilhão | 11% | 
| 4º | Paraná | US$ 305,7 milhões | 3% | 
| 5º | Bahia | US$ 283,6 milhões | 3% | 
O escoamento da produção foi majoritariamente centralizado no estado de São Paulo:
Com uma performance robusta nos primeiros oito meses de 2025, o setor de café reafirma sua posição como um dos pilares mais importantes da economia brasileira, demonstrando resiliência e capacidade de capturar valor.
Dados do Export Intel (Solução da Logcomex) indicam que existem mais de 900 importadores de café brasileiro, sinalizando alta capacidade de diversificação de mercado.
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O Brasil manteve a sua posição como o maior exportador de café do mundo em setembro de 2025.
Segundo a Logcomex, o faturamento das exportações de café atingiu US$ 9,8 bilhões nos primeiros oito meses de 2025, representando um crescimento de 39% em relação ao mesmo período de 2024.
Os Estados Unidos são o principal destino em termos de valor consolidado (Jan-Ago 2025), respondendo por US$ 1,5 bilhão (16% do total).
A sobretaxa de 50% imposta pelos EUA levou à diminuição das importações brasileiras e contribuiu para aumentos de até 20% no preço do café no varejo americano, pressionando a inflação.
O Porto de Santos (SP) é o principal hub logístico, centralizando US$7,9 bilhões, ou 80,6% do valor exportado pelo país de janeiro a agosto de 2025.
A estratégia do mercado tem sido a diversificação de destinos, com países como a Alemanha e a Colômbia aumentando significativamente suas compras de café brasileiro.
A diversificação se baseia na identificação de novos parceiros. A solução Export Intel da Logcomex é uma plataforma estratégica, que permite o mapeamento de mais de 900 importadores de café brasileiro, indicando o alto potencial do setor para expandir mercados.