Estratégias para otimizar o comércio internacional de fertilizantes inorgânicos, polímero, corantes e outros

A análise do período de janeiro a setembro de 2025,  revela um cenário de crescimento robusto nas importações de compostos […]

A análise do período de janeiro a setembro de 2025,  revela um cenário de crescimento robusto nas importações de compostos orgânicos, fertilizantes inorgânicos, polímero e corante (+17%), atingindo US$4,1 bilhões. Este crescimento, no entanto, expõe uma dependência externa crítica e riscos de fornecimento altamente concentrados.

Já as exportações destas NCMs, alcançaram US$6,7 milhões, crescendo modestos 3%, representando apenas 0,16% do valor importado. O déficit comercial para esta cesta de produtos ultrapassa os US$4 bilhões.

A pauta de importação não é diversificada; ela é dominada por dois produtos que representam mais de 99% do total:

  1. Fertilizantes (US$3,3 Bilhões): O Cloreto de Potássio (NCM 31042090) representa 80,5% de toda a importação.
  2. Compostos Orgânicos (US$828,5 milhões): O composto de Pirazol (NCM 29331990) representa 20,2%.

O risco estratégico central reside na origem das importações: 69% do fornecimento está concentrado em apenas dois países, Rússia (39%) e Canadá (30%), criando uma vulnerabilidade da cadeia de suprimentos significativa.

Oportunidades no acordo UE-Mercosul

A esperada ratificação do acordo UE-Mercosul até o final de 2025 é um evento-chave para este segmento. Nossa análise indica que o impacto estratégico não estará na pauta de fertilizantes (NCM 31042090), que já possui alíquota de importação de 0%.

A oportunidade reside no segundo item mais relevante: o composto de Pirazol (NCM 29331990), que movimenta US$828,5 milhões. A Alemanha é a terceira maior origem geral de nossas importações (US$350 milhões), sendo um fornecedor-chave deste produto.

A eliminação progressiva de tarifas para produtos químicos, prevista no acordo, fortalecerá o poder de barganha do Brasil. Isso permite a renegociação imediata de preços com fornecedores alemães (que terão seus custos reduzidos) e o uso da Alemanha como uma alavanca competitiva contra outros fornecedores não pertencentes ao bloco.

Insights

Plano de mitigação de riscos

A dependência de US$1,6 bilhão da Rússia para um insumo estratégico (Cloreto de Potássio) é um risco operacional e de compliance de alta magnitude. Por tanto, é interessante o início imediato de um projeto para diversificação de fornecedores, explorando e qualificando origens alternativas (ex: Israel, que já representa 6% do fornecimento).

Abordagem de Sourcing

Tratar esta pauta como “químicos” é estrategicamente incorreto.  É importante mudar a gestão para duas frentes distintas:

  • Para o Cloreto de Potássio, focar em segurança de fornecimento, custo e gestão de riscos;
  • Para o composto de Pirazol (US$828,5 Mi, +23%), focar em análise de custo-benefício, e utilizar o Acordo UE-Mercosul como ferramenta de negociação de custos.

 Monitoramento de corredores logísticos

Os destinos das importações (SP, PR, MT, RS) estão alinhados aos corredores logísticos de desembaraço (Santos, Paranaguá, Rio Grande), que concentram 65% das entradas. É recomendado continuar o monitoramento da eficiência (custos, lead time) nestes portos, visto que qualquer disrupção neles impacta diretamente os principais mercados consumidores.


Estudo de viabilidade (NCM 29331990)

O composto de Pirazol (NCM 29331990) apresentou crescimento de 23% e é o segundo maior investimento (US$828,5 milhões), vindo principalmente da Alemanha (8%). O crescimento robusto justifica o início de um estudo de viabilidade para identificar oportunidades de nacionalização da produção ou desenvolvimento de fornecedores em mercados com acordos comerciais mais favoráveis.

Análise das importações (Jan-Set 2025)

De acordo com a Logcomex, o valor total importado atingiu US$4,1 bilhões, um crescimento robusto de 17% sobre os US$3,5 bilhões de 2024. A pauta de importação não é diversificada; ela é binária. Mais de 99,9% do valor está concentrado em apenas dois produtos:

NCMProdutoValor FOB (US$)Crescimento (%)Análise
31042090Cloreto de potássioUS$3,3 bilhões+16%Representa 80,5% do total, com US$ 3,3 bilhões. Este insumo, vital para o agronegócio, cresceu 16%, indicando uma demanda estável e de alto volume. A gestão deste item é uma questão de segurança de suprimentos (Commodity Estratégica).
29331990Composto de PirazolUS$828,5 milhões+23%Representa 20,2% do total, com US$ 828,5 milhões. Este químico de especialidade cresceu 23%, superando a média do setor. Seu crescimento acelerado justifica uma análise de viabilidade para produção local ou desenvolvimento de fornecedores alternativos.
Fonte: Logcomex

Os demais produtos (Poliuretano e Lacas Corantes), embora apresentem crescimento (16% e 25%, respectivamente), são marginalizados pela magnitude dos dois principais, somando apenas 0,3% do FOB total.

Considerando que a Rússia é a principal origem do Cloreto de Potássio, qualquer instabilidade ou sanção econômica representa um risco direto e imediato a 80% da pauta de importação. A Alemanha (8%), Índia (7%) e Israel (6%) complementam o Top 5, mas ainda não possuem escala para mitigar a dependência dos líderes.

Leia também: O setor químico-farmacêutico brasileiro e a dependência externa

Corredores logísticos

A análise de destino (Estados) e entrada (Portos) mostra um fluxo logístico altamente alinhado e concentrado, vital para a distribuição dos insumos agrícolas.

  • Os principais portos de desembaraço são os Portos de Santos (35%), Paranaguá (19%) e Rio Grande (11%). Juntos, eles respondem por 65% de todo o volume.
  • Os principais estados importadores são São Paulo (20%), Paraná (15%), Mato Grosso (12%) e Rio Grande do Sul (11%).
  • A conexão é direta: Rio Grande abastece o RS (11% vs 11%); Paranaguá abastece o PR (19% vs 15%); e Santos atua como o principal hub, atendendo a demanda industrial de SP (35% vs 20%) e escoando o excedente para os mercados do Centro-Oeste (MT, GO) e Sudeste (MG).

A eficiência destes três portos é, portanto, fundamental para o agronegócio nacional.

Estado (Destino)Valor (US$)Concentração (%)Análise
São PauloUS$833 milhões20%Hub industrial e logístico.
ParanáUS$634,5 milhões15%Forte demanda do agronegócio.
Mato GrossoUS$517 milhões12%Consumidor final (Agro)
Fonte: Logcomex
Porto (Desembaraço)Valor (US$)Concentração (%)
Porto de Santos (SP)US$1,4 bilhão35%
Porto de Paranaguá (PR)US$774,5 milhões19%
Porto de Rio Grande (RS)US$473,6 milhões11%
Fonte: Logcomex

Análise das Exportações (Jan-Set 2025)

A pauta de exportação totalizou US$6,7 milhões, um crescimento nominal de 3%, segundo a Logcomex.  O principal produto exportado, Cloreto de Potássio (US$ 4,1 milhões), apresentou queda de -12%, sugerindo que o Brasil não atua como trader ou reexportador deste insumo.

O destaque positivo é o crescimento de +283% no composto de Pirazol (NCM 29331990) e +42% no Poliuretano (NCM 39095012). Embora os valores absolutos sejam baixos (US$ 246,8 mil e US$ 1,7 milhão, respectivamente), esses crescimentos indicam uma competitividade de nicho em produtos de maior valor agregado, que deve ser monitorada.

A operação de exportação é dominada por São Paulo e focada no eixo Américas:

  • Origem: São Paulo (65%) é a origem de dois terços das exportações, consolidando a produção ou distribuição. Paraná (13%) e RS (12%) completam o quadro.
  • Destino: O foco é regional. México (34%) é o principal destino, seguido pelo Mercosul, com Paraguai (20%) e Argentina (15%).
  • Saída: A logística reflete os destinos. O Porto de Santos (46%) é o principal ponto de saída, servindo o México e outros destinos marítimos. As alfândegas terrestres de Uruguaiana (15%) e Foz do Iguaçu (9%) são os corredores diretos para Argentina e Paraguai.

Quer mais insights e relatórios personalizados sobre estas ou outras NCMs? Conheça o NCM Intel Pro – Solução da Logcomex, clicando aqui


    Compartilhe