O comércio exterior brasileiro de pneus nos primeiros nove meses de 2025 — Janeiro a setembro — revelou uma performance dual: um crescimento robusto de +23% nas Exportações atingindo US$1 bilhão(vs. US$847 milhões em 2024) e uma retração de -11% nas Importações, recuando para US$1,3 bilhão (vs. US$1,5 bilhão em 2024), de acordo com a Logcomex.
Essa performance dupla (exportação em alta e importação em baixa) não é um mero equilíbrio estatístico, mas o reflexo de decisões defensivas de política comercial e de uma expansão focada em nichos de alto valor agregado
Os Estados Unidos (EUA) aplicaram tarifas elevadas para as exportações de pneus brasileiros em 2025, afetando vários tipos do produto. Pneus agrícolas, de carga e motocicletas passaram a ser taxados em um total de 50% desde agosto de 2025, enquanto pneus de passeio mantiveram a tarifa de 25% (majorada em maio). Pneus de aeronaves passaram a ter uma tarifa adicional de 10%, embora não sejam fabricados no Brasil.
O crescimento das exportações foi impulsionado pela demanda por pneus para Ônibus/Caminhões (NCM 40112090), que disparou +57%. Contudo, o setor desenvolveu uma dependência crítica do mercado norte-americano, que absorveu 40% (US$ 412 milhões) do FOB total, segundo a Logcomex. Esta dependência torna-se a principal vulnerabilidade estratégica do setor.
A retração de 11% nas importações foi puxada pela queda acentuada em segmentos de alto volume: Pneus de Passageiros (-20%) e Pneus para Ônibus/Caminhões (-23%), de acordo com a Logcomex. Isso sinaliza o impacto direto de medidas de defesa comercial, como a prorrogação de direitos antidumping sobre pneus de passeio asiáticos, que visam conter a concorrência desleal e proteger a indústria nacional.
Apesar da queda geral, a importação de Pneumáticos Radiais para Dumpers (NCM 40118010) cresceu +55%, superando US$103 milhões, de acordo com a Logcomex.
Este crescimento comprova a demanda inelástica e a dependência estrutural do Brasil por pneus Off-the-Road (OTR) importados, essenciais para o boom de investimentos nos setores de mineração e infraestrutura, que estimam aportes superiores a US$64 bilhões até 2028.
As ações recentes antidumping focam em pneus de construção radial (séries 65 e 70, aros 13” e 14”).
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A performance da exportação (US$1 bilhão) não foi homogênea. Ela se baseou na aceleração da Carga Pesada e na consolidação de um mercado que, agora, apresenta risco máximo.
O crescimento das exportações foi impulsionado primordialmente por veículos de alto valor (VHP) e caminhões:
| NCM | Descrição | FOB 2025 (US$ milhões) | Crescimento Anual |
| 40112090 | Pneumáticos novos para Ônibus ou Caminhões | US$ 382,0 | +57% |
| 40111000 | Pneumáticos novos para Automóveis de Passageiros | US$ 394,4 | +10% |
| 40129090 | Protetores, bandas de rodagem, etc. | US$ 87,6 | +15% |
O aumento de +57% nos embarques de pneus para Ônibus/Caminhões é o principal vetor de receita, refletindo a forte demanda externa por soluções logísticas.
A concentração geográfica das exportações, antes vista como uma vantagem de nearshoring, tornou-se uma vulnerabilidade. Os três principais destinos absorveram 71% do valor exportado:
A logística de escoamento reforça a concentração de risco no Sudeste:
| Unidade de Desembaraço | FOB (US$ milhões) | Participação |
| Porto de Santos (SP) | US$ 469,3 | 45% |
| Porto do Rio de Janeiro (RJ) | US$ 144,5 | 14% |
| IRF São Borja (RS) | US$ 89,6 | 9% |
Quase metade do valor exportado (45%) depende da eficiência operacional do Porto de Santos, que é também o principal hub de exportação do Estado de São Paulo (54% do FOB total).
A importação total de US$1,3 bilhão (-11%), segundo a Logcomex, reflete a eficácia das medidas de política comercial e a demanda seletiva da indústria nacional. A retração foi concentrada nos dois maiores segmentos de volume, indicando uma substituição por produção nacional:
| NCM | Descrição | FOB 2025 (US$ milhões) | Crescimento Anual |
| 40111000 | Pneumáticos novos para Automóveis de Passageiros | US$ 494,0 | -20% |
| 40112090 | Pneumáticos novos para Ônibus ou Caminhões | US$ 410,0 | -23% |
A queda em Pneus de Passageiros (-20%) é um forte indicativo do impacto de medidas de defesa comercial. Resoluções recentes (como a Resolução GECEX Nº 744 de Julho/2025) prorrogaram direitos antidumping sobre pneus de passeio de construção radial (aros 13, séries 65 e 70) de diversas origens asiáticas, protegendo a indústria local.
Em nítido contraste, os pneus destinados a aplicações pesadas mostraram uma demanda inelástica e em franca expansão:
| NCM | Descrição | FOB 2025 (US$ milhões) | Crescimento Anual |
| 40118010 | Pneumáticos Radiais para Dumpers (Construção/Mineração) | US$ 103,3 | +55% |
| 40118090 | Outros Pneumáticos p/ Construção Civil, Mineração | US$ 107,4 | +24% |
O crescimento de +55% na importação de pneus para dumpers comprova a dependência estrutural do Brasil nestes produtos. Análises do setor de mineração indicam investimentos previstos de US$ 64,5 bilhões (2024-2028), e relatórios setoriais (CR Tyres, InTheMine) apontam que a dependência de pneus OTR importados (especialmente da Ásia) pode chegar a 62% em 2025, ante uma queda na produção nacional.
A matriz de fornecimento global permanece concentrada e apresenta risco para o sourcing nacional. China (43%) e Vietnã (16%) detêm, juntos, 59% do valor importado, solidificando a dependência do Brasil em relação ao Sudeste Asiático.
| Desafio | Insight Estratégico | Ação tática recomendada |
| Concentração Logística | 45% do FOB total passa pelo Porto de Santos, criando vulnerabilidade a interrupções. | Dual Sourcing Logístico: Avaliar a viabilidade de direcionar 10-15% do volume para portos alternativos (RJ ou Sul) para reduzir a exposição ao risco. |
| Concentração Geográfica de Risco | 71% das exportações dependem de EUA, Argentina e México. | Diversificação de Rota: Explorar ativamente o mercado chileno e colombiano, que oferecem estabilidade e acesso à Costa do Pacífico. |
| Desafio | Insight Estratégico | Ação tática recomendada |
| Dependência Crítica de Nicho (OTR) | O crescimento de +55% em pneus para dumpers expõe a vulnerabilidade da infraestrutura nacional ao sourcing concentrado na Ásia (China/Vietnã, 59% do total). | Estratégia Triple Sourcing: Inicie negociações com fornecedores de pneus OTR da América do Norte (EUA), Japão e Europa (ex: Espanha) para, no mínimo, 30% do volume, reduzindo a exposição a falhas na cadeia asiática. A plataforma NCM Intel Pro pode te ajudar nesta jornada. |
| Risco Asiático e realocação de mercadorias | As tarifas de antidumping ou sanções em mercados como os EUA podem levar o excedente asiático a ser redirecionado para o Brasil. | Monitoramento Ativo: Implementar um sistema de alerta precoce (early warning) para rastrear mudanças nas tarifas impostas por terceiros países, mapear ativamente mercados de escoamento alternativos. A plataforma Export Intel é a solução ideal para descobrir novos clientes para além das fronteiras brasileiras. |
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