O setor siderúrgico brasileiro navega por águas contraditórias no primeiro trimestre de 2025. Os números mostram uma demanda interna vigorosa, com crescimento de 16% em março na comparação anual, conforme aponta relatório do BTG Pactual. O acumulado do ano já registra alta de 14% na demanda aparente, com bom desempenho tanto nos produtos planos quanto nos longos.
As vendas domésticas de aço plano cresceram 17% em março, enquanto os produtos longos avançaram 7%, de acordo com dados compilados pelo Instituto Aço Brasil (IABr). Estes indicadores sugerem uma recuperação consistente da atividade econômica em setores consumidores de aço, como construção civil e indústria.
Contudo, o cenário apresenta um desafio significativo: as importações atingiram o patamar de 663 mil toneladas em março, um salto de 36% na comparação anual. Este volume elevou a participação dos produtos importados para 26% do consumo interno, o maior percentual da série histórica analisada. No acumulado do trimestre, as importações já superam em 31% os números de 2024.
O sistema de cotas implementado pelas autoridades brasileiras ainda não demonstrou eficácia para conter este avanço. Especialistas do setor indicam que, sem medidas protecionistas mais contundentes, a pressão das importações deve persistir ao longo de 2025.
A sobrecapacidade produtiva global, especialmente na China, continua pressionando os preços internacionais do aço. Não há sinais claros de racionalização de capacidade, nem perspectivas de um novo ciclo de investimentos em infraestrutura que possa sustentar uma recuperação mais robusta da demanda mundial.
Neste contexto, analistas mantêm uma visão cautelosa para o setor siderúrgico brasileiro, com preferência por empresas que apresentam melhor posicionamento competitivo e valorização atrativa.