Os preços futuros do minério de ferro registraram a terceira queda mensal consecutiva em abril, influenciados pela possibilidade de cortes na produção de aço na China e pela desaceleração da demanda antes do feriado do Dia do Trabalho no país asiático. O movimento ocorre em um período em que o fluxo comercial entre Brasil e China, principal destino do minério de ferro brasileiro, apresenta volumes significativos, conforme dados de comércio exterior para os primeiros meses de 2024 e 2025.
Segundo reportagem da Reuters publicada na InfoMoney em 30 de abril de 2025, o contrato de minério de ferro para maio na Bolsa de Cingapura registrou baixa de 3,16% no mês, cotado a US$ 97,8 por tonelada. Na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China, o contrato de setembro encerrou o dia com recuo de 0,78%, acumulando perda de 3,96% em abril.
A pressão sobre os preços é atribuída, em parte, a indicações de altos executivos da indústria chinesa sobre a probabilidade de cortes na produção de aço. Embora sem uma ordem oficial do governo até a data da reportagem, a Associação de Ferro e Aço da China (CISA) e a Baoshan Iron & Steel, uma das maiores siderúrgicas do país, mencionaram a possibilidade de redução na produção devido à desaceleração persistente e atritos comerciais internacionais.
Adicionalmente, a demanda por reabastecimento por parte das siderúrgicas chinesas diminuiu antes do feriado do Dia do Trabalho, que manteve os mercados financeiros da China fechados de 1 a 5 de maio. No contexto do comércio exterior brasileiro, a China se destaca como o principal parceiro no segmento de minério de ferro.
De acordo com dados da Logcomex para os meses de janeiro a março de 2025, as exportações brasileiras de minério de ferro (considerando “Mineração de Minérios de Ferro” e “Fabricação Básica de Ferro e Aço”) totalizaram US$ 3,87 bilhões em FOB, representando uma variação de -25% em relação ao mesmo período de 2024, quando o valor foi de US$ 5,18 bilhões.
Em termos de peso líquido, as exportações alcançaram 59,13 milhões de toneladas nos primeiros três meses de 2025, um aumento de 3% comparado aos 57,44 milhões de toneladas registrados no mesmo intervalo de 2024.
Ainda segundo dados da Logcomex para janeiro a março de 2025, as importações brasileiras de minério de ferro provenientes da China (considerando os mesmos grupos ISIC) somaram US$ 774,40 milhões em FOB, um aumento de 37% frente aos US$ 565,85 milhões observados no primeiro trimestre de 2024. O peso líquido importado da China foi de 1,07 milhão de toneladas no período de 2025, com variação de 59% em relação às 673,95 mil toneladas de 2024.
A queda recente nos preços do minério de ferro reflete as preocupações do mercado com a demanda chinesa e a possibilidade de restrições na produção de aço. Este cenário apresenta desafios diretos para grandes exportadoras brasileiras, como evidenciado pela queda de 25% no valor FOB das exportações no primeiro trimestre de 2025, apesar do aumento de 3% no volume físico exportado.
Para estados brasileiros altamente dependentes dessa commodity, como Minas Gerais (responsável por 50% das exportações segundo a Logcomex) e Pará (40%), a continuidade dessa tendência pode impactar significativamente suas receitas comerciais. Considerando que o IRF São Luís (39% das exportações), Porto de Itaguaí (34%) e Porto de Vitória (14%) são os principais pontos de saída desse minério, eventuais reduções no fluxo comercial afetariam diretamente a operação logística nessas regiões.