O recente “surto de importação” no Brasil, com foco no setor de fabricação de vidro, acendeu um debate sobre a competitividade da indústria nacional e as medidas de proteção ao mercado interno.
A Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) defende o aumento das alíquotas de importação para equilibrar a concorrência com produtos de outros países, enquanto os varejistas questionam a efetividade dessa medida.
Essa situação gera um impacto direto nas empresas brasileiras e em toda a cadeia de suprimentos.
O aumento nas tarifas de importação pode ser visto como uma defesa das empresas nacionais, protegendo investidores e garantindo a permanência de fábricas no país, que, uma vez fechadas, dificilmente serão reabertas devido aos altos custos de capital e energia envolvidos na operação.
Esse debate sobre tarifas abre espaço para as empresas brasileiras explorarem oportunidades de inovação e eficiência.
Ao investir em tecnologias que otimizem os processos de produção, as empresas podem melhorar sua competitividade, mesmo diante de opções mais baratas.
Além disso, há uma oportunidade de fortalecer a colaboração entre setores, criando uma rede de proteção que abrange não apenas a indústria de vidro, mas também outros segmentos impactados.
Dados de comércio global
De acordo com a Logcomex, de janeiro a setembro de 2024, o setor de fabricação de produtos de vidro e vidro registrou aumento de 15% no valor FOB – US$ 55,3 milhões – em comparação com o mesmo período de 2023.
O peso em Kg líquido também apresentou aumento de 34%, saindo de 45 megatoneladas, para 61 megatoneladas no período analisado em 2024.
Em relação às NCMs mais importadas pelo Brasil no período analisado, podemos citar:
- NCM 7013.37.00 – Outros copos de vidro exceto de vitrocerâmica | FOB: US$ 21 milhões (+60%) | Peso em Kg líquido: 31,2 megatoneladas (+85%).
- NCM 7020.00.10 – Ampolas de vidro para garrafa térmica, outros recipientes isotérmicos | FOB: US$ 13 milhões (-13%) | Peso em Kg líquido: 5,7 megatoneladas (-12%);
- NCM 7003.19.00- Outras chapas/folhas não armadas, de vidro vazado/laminado | FOB: US$ 7,9 milhões (-9%) | Peso em Kg líquido 18,5 megatoneladas (+4%);
- NCM 7013.42.90 – Outros objetos de vidro para serviço de mesa/cozinha, dilatação não superior a 5×10-6 Kelvin | FOB: US$$7,7 milhões (+39%) | Peso em Kg líquido: 4,8 megatoneladas (+38%).
Vidro: Conheça os países exportadores para o Brasil
A China foi o principal país exportador para o Brasil, de janeiro a setembro de 2024, com valor FOB US$ 24 milhões, registrando aumento de 44% em comparação com o mesmo período de 2023.
A Índia, aparece em segundo lugar com valor FOB registrado de US$ 9,7 milhões – aumento de 18% em relação ao ano passado.
Já o Egito aparece em terceiro lugar com valor FOB de US$ 9,5 milhões – apresentando aumento de 18% em relação ao mesmo período de 2023.
Afinal, quais são os Estados Brasileiros que mais importaram vidro?
Conheça, a seguir, o ranking dos estados brasileiros que mais importaram NCMs relacionadas a vidro, de janeiro a setembro de 2024:
1º lugar: Santa Catarina (SC) – com valor FOB US$ 17,6 milhões (32%);
2º lugar: São Paulo (SP) – com valor FOB US$ 11 milhões (20%);
3º lugar: Rio Grande do Sul -com valor FOB US$ 5,9 milhões (11%).
Em relação às principais unidades de desembaraço aduaneiro, o Porto de Santos vem em primeiro lugar com FOB movimentado de US$ 18,7 milhõeS (34%), seguido do Porto de São Francisco do Sul, com FOB US$ 11 milhões (20%) e o Porto de Rio Grande com FOB US$ 5,5 milhões (10%).
Sobre os modais de transporte utilizados, o marítimo teve 98% de uso.
Conclusão
O cenário atual das importações de vidro no Brasil revela um dilema entre a necessidade de proteger a indústria nacional e a pressão por preços mais competitivos trazidos por produtos estrangeiros.
Enquanto a elevação das tarifas pode oferecer ruptura para os fabricantes locais, garantindo investimentos e fortalecendo o setor, o impacto sobre o consumidor e o varejo não pode ser ignorado.
As empresas brasileiras, especialmente as do setor industrial, devem estar atentas a essas mudanças e buscar soluções que aumentem sua competitividade, como a adoção de novas tecnologias e a otimização de processos.