As importações de painéis solares no Brasil estão em alta: nos primeiros oito meses de 2024, o país comprou quase US$ 2 bilhões em equipamentos, com 94% desses produtos vindo da China.
A demanda por energia limpa continua a crescer, impulsionada pela transição para fontes renováveis. Entretanto, esse movimento traz desafios logísticos e de sustentabilidade que exigem atenção das empresas e do governo.
A adoção de energia solar no Brasil é uma força significativa para o setor energético. Apenas as células fotovoltaicas montadas ou em módulos somaram mais de US$ 1,8 bilhão em importações, refletindo a forte adesão a essa tecnologia.
Segundo dados da Logcomex, comparando os primeiros oito meses de 2024 com o mesmo período de 2023, o valor FOB das importações caiu 27%, enquanto o volume importado aumentou 31%. Esse contraste sugere uma redução nos preços médios por quilo ou alterações na composição das mercadorias importadas.
Empresas de energia e consumidores estão cada vez mais buscando soluções sustentáveis, não só para reduzir a pegada de carbono, mas também para cortar custos a longo prazo.
Esse crescimento favorece as indústrias que dependem de energia barata e abundante, além de impulsionar setores como o de construção e tecnologia.
No entanto, o Brasil depende quase exclusivamente da China para o fornecimento de painéis solares, o que representa uma fraqueza significativa. Esse cenário pode se agravar com oscilações econômicas, crises logísticas ou mudanças nas políticas comerciais.
Outro ponto é a logística: 91% das importações chegam pelo modal marítimo, enquanto o transporte aéreo responde por apenas 9%.
Essa dependência do transporte por mar pode gerar gargalos e atrasos, especialmente em um cenário de sobrecarga nos portos.
Há uma oportunidade clara para empresas brasileiras investirem em inovação e produção nacional de painéis solares e outras tecnologias verdes, reduzindo a dependência externa.
Além disso, com a vida útil dos painéis fotovoltaicos girando em torno de 25 anos, a reciclagem e o descarte adequado desses materiais são mercados com potencial de crescimento.
O transporte marítimo também oferece oportunidades: com a pressão por descarbonizar as cadeias logísticas, há espaço para que empresas de navegação incorporem energias renováveis em suas operações, reduzindo as emissões de carbono e melhorando a eficiência no transporte de cargas pesadas como os painéis solares.
Entre as maiores ameaças está a ausência de uma regulamentação clara para o descarte de equipamentos como painéis solares e turbinas eólicas, um tema que vem ganhando destaque na mídia.
Se o Brasil não desenvolver leis específicas para lidar com o acúmulo de resíduos provenientes dessas tecnologias, a expansão das energias renováveis poderá gerar um novo tipo de passivo ambiental no futuro.