Em mais um capítulo da turbulenta política comercial dos Estados Unidos, o presidente americano anunciou nesta terça-feira (9) a imposição imediata de uma tarifa de 125% sobre produtos importados da China. A medida, que ele classificou como “essencial para proteger a economia e os empregos americanos”, é uma forma de endurecer as medidas da China, que subiu para 84% a importação de produtos americanos.
A tarifa de 125% entra em vigor imediatamente e pode afetar centenas de bilhões de dólares em produtos chineses, com destaque para itens eletrônicos, veículos elétricos, equipamentos industriais e insumos tecnológicos – setores nos quais a China tem forte presença global.
Especialistas alertam que a medida pode gerar repercussões em cadeia, encarecendo produtos para o consumidor americano, pressionando cadeias de suprimentos e ampliando o risco de uma retaliação chinesa.
Ao mesmo tempo, Trump optou por suspender, por 90 dias, as tarifas adicionais sobre países que não retaliaram contra as medidas comerciais dos EUA nos últimos dias. A decisão representa uma tentativa de minimizar tensões com aliados estratégicos, ao mesmo tempo em que mantém uma postura agressiva frente a Pequim.
Em contraste com o tom beligerante contra a China, Trump optou por aliviar a tensão com países que, mesmo afetados por tarifas anteriores, não responderam com medidas punitivas. Entre os beneficiados estão países da União Europeia, México, Brasil e Japão. A suspensão das tarifas por 90 dias é, segundo Trump, uma “demonstração de boa fé” para renegociar acordos comerciais mais favoráveis. Ao todo, segundo o presidente dos EUA, mais de 70 países buscaram representantes americanos para negociar as tarifas impostas.
A medida foi bem recebida por setores industriais e agrícolas, que dependem de insumos ou mercados externos, e que vinham pressionando por maior previsibilidade nas relações comerciais. Além disso, o mercado internacional respirou com alívio, com o aumento das bolsas de valores ao redor do planeta.
Impacto global
A decisão de Trump reconfigura o tabuleiro do comércio internacional e reacende preocupações sobre protecionismo e instabilidade regulatória. Para países emergentes, como o Brasil, o momento abre oportunidades e desafios: por um lado, podem ganhar espaço como fornecedores alternativos à China; por outro, precisam lidar com a imprevisibilidade das decisões americanas.