O Brasil, maior exportador mundial de frango, teve suas exportações de produtos avícolas suspensas para nove países após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no município de Montenegro, Rio Grande do Sul. A medida impacta diretamente mercados estratégicos, com destaque para a China, principal importadora da proteína brasileira.
Segundo dados da Logcomex, de janeiro a abril de 2025, as exportações de carne de frango brasileiras já somavam US$ 3,08 bilhões, representando um crescimento de 13,9% em relação ao ano anterior. A China lidera o ranking de destinos, com 15% de participação e US$455,3 milhões em importações.
A suspensão das exportações atinge mercados-chave como China, União Europeia, Canadá, África do Sul, Chile, Argentina, Uruguai, México e Coreia do Sul. Conforme informações do Ministério da Agricultura, a medida segue protocolos sanitários previamente estabelecidos em acordos comerciais. De acordo com a Logcomex, os principais destinos de exportação da carne de frango brasileira são:
- China: US$ 455 milhões (15% do FOB total)
- Arábia Saudita: US$ 339 milhões (11%)
- Emirados Árabes Unidos: US$ 301 milhões (10%)
- Japão: US$ 235 milhões (8%)
- México: US$ 164 milhões (5%)
Considerando os países que suspenderam a compra do frango brasileiro, apenas a China, líder do ranking, aparece na lista. Todavia, países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos têm políticas de suspensão para casos epidemiológicos, como esta gripe aviária, podendo suspender a compra de estados brasileiros que tenham registrado o surto, como é o caso do Rio Grande do Sul.
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor e exportador de frango do país e foi o estado onde o caso foi detectado, com 13% das exportações vindas de lá, de acordo com a Logcomex. Apenas Paraná, com 42% do FOB total exportado, e Santa Catarina, com 22%, estão à frente. A expectativa do governo brasileiro é que as suspensões sejam temporárias e possam ser reduzidas a embargos regionais, limitados ao município de Montenegro ou ao estado.
O impacto econômico pode ser significativo. O Ministério da Agricultura estima que o Brasil pode deixar de exportar entre US$ 100 milhões a US$ 200 milhões em frango e derivados mensalmente.
É importante ressaltar que, segundo as autoridades sanitárias, o consumo de carne de frango permanece seguro. O risco de transmissão do vírus H5N1 para humanos é considerado baixo, ocorrendo principalmente em situações de contato direto com aves infectadas.
A suspensão das exportações representa um desafio importante para o setor de proteína animal brasileiro, uma vez que o país exporta para outros 151 destinos, o que o consolida como maior exportador do produto. Embora o primeiro caso em granja comercial gere preocupação, as autoridades reforçam que as medidas de contenção já estão sendo implementadas, com o objetivo de minimizar os impactos econômicos e sanitários.