O mercado brasileiro de café vive um paradoxo em 2025: enquanto as exportações registram valores recordes com crescimento de 60,1% na receita no primeiro quadrimestre comparado a 2024 — segundo a Logcomex —, o consumo interno despenca 16% em abril frente ao mesmo mês do ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Dados da Logcomex mostram que as exportações alcançaram US$5,4 bilhões nos primeiros quatro meses do ano. Simultaneamente, o preço do café moído subiu 80,2% nos últimos 12 meses conforme o IPCA, representando a maior inflação acumulada desde maio de 1995 e a maior alta desde a introdução do real.
Entre janeiro e abril de 2025, a comercialização no mercado interno caiu de 5.010.580 para 4.753.766 sacas, uma redução de 5,13%, com abril registrando o pico da diminuição (-15,96%).
Contrastando com esse cenário, a produção nacional apresenta perspectivas positivas. O 2º Levantamento da Safra de Café 2025 da Conab prevê crescimento de 2,7% na produção, totalizando 55,7 milhões de sacas – recorde para um ano de baixa bienalidade. Este resultado deve-se principalmente à recuperação de 28,3% na produtividade do café conilon, com previsão de 18,7 milhões de sacas. O arábica, porém, deve registrar redução de 6,6%.
De acordo com a Logcomex, no primeiro quadrimestre de 2025, os Estados Unidos lideraram como principal destino (17% – US$902,7 milhões), seguidos por Alemanha (13% – US$732,3 milhões), Itália (8% – US$450,8 milhões), Japão (6% – US$342,2 milhões) e Bélgica (5% – US$290,2 milhões).
Analistas preveem que os preços elevados persistirão até 2026, enquanto as lavouras se recuperam. Para o setor exportador, o momento representa uma oportunidade histórica, apesar da queda de 27,7% no volume exportado em abril comparado a 2024.