Gargalos logísticos gerados por atrasos e mudanças frequentes de escalas de navios afetou as exportações brasileiras de café.
De acordo com o Conselho de Exportadores de Café (Cecafé), houve acúmulo de 2,155 milhões de sacas do grão sem exportação até setembro de 2024, resultando em uma perda cambial de R$ 3,217 bilhões no período.
Um dos desafios enfrentados pelos exportadores de café, está relacionado à infraestrutura portuária adequada para cargas conteinerizadas.
Somente no mês de setembro cerca de 69% dos navios – o que representa 190 de um total de 277 embarcações- tiveram alteração de escalas ou atraso para exportar o grão nos principais portos do Brasil, de acordo com o Boletim Detention Zero em parceria com a Cecafé.
O Brasil é um dos maiores exportadores de café do mundo, com forte presença global e capacidade produtiva robusta.
A qualidade reconhecida do café brasileiro é uma vantagem competitiva que continua a ser valorizada no mercado internacional, o que favorece relações comerciais sólidas, apesar dos desafios logísticos.
Para as empresas, isso demonstra a resiliência da produção nacional, que segue firme e com demanda consistente, garantindo que, uma vez resolvidos os entraves logísticos, o grão voltará a ocupar seu espaço com ainda mais vigor.
Desafios
Os atrasos ocorridos nos portos brasileiros, aliado às mudanças de escalas de navios, revela um desafio da infraestrutura portuária significativo que geram custos extras para as empresas exportadoras de café, por exemplo, relacionados à detentions, armazenagens adicionais, pré-stacking e gate antecipado.
Com o gargalo logístico ocorrido, o impacto foi de cerca de R$ 5,9 bilhões com custos extras.
Esses custos extras elevam os preços de exportação e impactam nitidamente a competitividade das empresas brasileiras no mercado externo.
Apesar do cenário desafiador, as empresas brasileiras podem aproveitar a oportunidade para se antecipar à concorrência internacional, investindo em soluções que aumentam a eficiência operacional, controlam custos e otimizam os processos, reduzindo os impactos das ineficiências portuárias no curto prazo.
Exportações de café: dados do comércio global
De acordo com a Logcomex, de janeiro a setembro de 2024, a NCM 0901.11.10 – Café não torrado, não descafeinado, em grão, registrou valor FOB de US$7,7 bilhões – aumento de 53% em comparação com o mesmo período de 2023, quando registrou US$4,9 bilhões.
Conheça, a seguir, as principais NCMs mais exportadas pelo Brasil no período analisado:
- NCM 2101.11.10 – Café solúvel, mesmo descafeinado | FOB: US$631,6 milhões (+23%) | Peso em Kg líquido: 67 megatoneladas (+9%);
- NCM 0901.21.00 – Café torrado, não descafeinado | FOB: US$23,4 milhões (-9%) | Peso em Kg líquido: 2,8 megatoneladas (-5%);
- NCM 0901.11.90 – Café não torrado, não descafeinado, exceto em grão | FOB: US$5,8 milhões (+856%) | Peso em Kg líquido: 1,3 megatoneladas (+1,506%)
Ranking países de destino das exportações de café
De janeiro a setembro de 2024, os seguintes países foram os principais destinos das exportações brasileiras de café:
- 1º lugar: Estados Unidos da América (EUA) – FOB: US$1,3 bilhão (19%)
- 2º lugar: Alemanha – FOB: US$1,1 bilhão (17%)
- 3º lugar: Bélgica – FOB: US$767 milhões (11%)
Em relação aos principais estados brasileiros exportadores no período, destacam-se:
- Minas Gerais (MG) – FOB: US$5,2 bilhões (63%);
- Espírito Santo (ES) – FOB: US$1,4 bilhão (18%);
- São Paulo (SP) – FOB: US$912 milhões (11%);
- Paraná (PR) – FOB: US$303,5 milhões (4%).
Principais unidades de desembaraço aduaneiro
O Porto de Santos foi a principal unidade de desembaraço aduaneiro no período, com US$5,7 bilhões de FOB movimentado (69%).
O Porto do Rio de Janeiro (RJ) aparece em segundo lugar, com FOB movimentado de US$1,9 bilhão (22%), seguido do Porto de Itaguai com FOB de US$349 milhões (4%).
Conclusão
Os atrasos nos portos brasileiros não afetam apenas as exportações de café, mas também revelam um problema estrutural que exige atenção imediata, principalmente porque trazem impactos financeiros importantes para as empresas.
Para contornar a situação é importante investir em tecnologia e infraestrutura para garantir que o Brasil continue sendo um player relevante no comércio global.