Programa de descarbonização da indústria: Brasil supera 25 países e garante investimento

18 de junho de 2025

Programa de descarbonização da indústria: Brasil supera 25 países e garante investimento
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Em um cenário de crescente competição internacional por recursos para financiamento climático, o Brasil conquistou posição inédita ao liderar o ranking do Programa de Descarbonização da Indústria (PID) do Fundo de Investimentos Climático (CIF), conforme anunciado em 13 de junho.

A avaliação técnica posicionou a proposta brasileira à frente de 25 outras nações, garantindo acesso a R$1,3 bilhão direcionados à implementação de tecnologias industriais de baixo carbono – um movimento estratégico que coincide com os preparativos para a COP30 em Belém.

A conquista brasileira merece análise aprofundada por suas implicações setoriais e macroeconômicas.

O PID representa a primeira iniciativa global de financiamento exclusivamente focada na redução de emissões do setor industrial em economias emergentes – segmento responsável por aproximadamente um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo dados do próprio CIF.

O valor destinado ao Brasil integra um pacote global de US$1 bilhão (cerca de R$5,5 bilhões) que será disputado por apenas sete nações.

A seleção brasileira não foi trivial. O processo avaliativo do CIF priorizou indicadores objetivos como engajamento comprovado do setor privado, maturidade institucional e compromissos verificáveis com a descarbonização industrial. 7

A proposta técnica, que contou com participação determinante do Ministério de Minas e Energia (MME), superou projetos de economias industriais relevantes como México, Turquia e África do Sul, além de Egito, Namíbia e Uzbequistão – os outros contemplados.

O desenho financeiro do programa exige agora a elaboração de um plano de investimento detalhado, com mecanismos específicos para alavancar capital privado adicional – multiplicando o impacto inicial dos recursos.

Parte significativa do financiamento já tem destinação estratégica definida: impulsionará a criação de hubs de hidrogênio de baixa emissão de carbono, selecionados via processo público de chamamento aberto em outubro de 2024, sob coordenação do MME.

A articulação interministerial foi determinante para o sucesso da candidatura. A estruturação do projeto envolveu coordenação da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, com participação técnica dos ministérios de Minas e Energia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), evidenciando uma abordagem multidisciplinar ao desafio da transição industrial.

A conquista brasileira no PID representa mais que um simples acesso a financiamento. Configura um teste concreto da capacidade nacional de implementar transformações industriais profundas com ênfase em baixo carbono – justamente quando o país se prepara para sediar a COP30. 

O verdadeiro desafio, contudo, inicia-se agora: transformar o R$1,3 bilhão em inovações tecnológicas mensuráveis, em escala comercial, que possam efetivamente reduzir a pegada de carbono da indústria nacional sem comprometer sua competitividade global.


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