O Ministério da Fazenda elevou sua projeção para a inflação brasileira em 2025, passando de 4,9% para 5%, e alertou que o acirramento das tensões comerciais internacionais e o aumento de tarifas podem comprometer o ritmo de crescimento econômico no Brasil, apesar de manter a estimativa de expansão do PIB em 2,4% para o ano.
A revisão nas projeções inflacionárias foi anunciada pela Secretaria de Política Econômica (SPE) no Boletim Macrofiscal divulgado na última segunda-feira (19). Segundo o documento, a alteração para o IPCA “refletiu pequenas surpresas nas variações para o índice em março”, além de ajustes marginais nas expectativas para os próximos meses. Para 2026, a estimativa também subiu de 3,5% para 3,6%.
De acordo com a SPE, a desaceleração inflacionária deve ocorrer de forma mais consistente apenas a partir de setembro, com expectativa de convergência ao centro da meta (3%) somente a partir de 2027. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deve alcançar 4,9% em 2025, enquanto o Índice Geral de Preços (IGP-DI) deve fechar este ano em 5,6%. Em 2026, deve ficar em 4,9%.
Quanto ao cenário externo, a pasta manifestou preocupação com as tensões comerciais. “As tarifas tendem a afetar os fluxos de comércio internacional, reduzindo a demanda por commodities e postergando decisões de investimento”, alertou o Ministério no boletim.
Apesar dos riscos, a SPE aponta que o Brasil poderia se beneficiar com a substituição de importações americanas em países mais afetados pelas tarifas. “O Brasil pode se tornar mais competitivo nos Estados Unidos, já que as tarifas de 10% previstas para os bens brasileiros são menores que as anunciadas para outras economias”, destaca o documento.
Em relação ao crescimento econômico, a pasta aumentou sua projeção para o PIB de 2025 de 2,3% para 2,4%. Para o primeiro trimestre, a estimativa passou de 1,5% para 1,6% na comparação com o trimestre anterior, impulsionada pelo crescimento esperado na produção agropecuária e resultados melhores que o esperado para indústria e serviços.
A SPE prevê desaceleração da atividade após o primeiro trimestre, permanecendo próxima da estabilidade no segundo semestre de 2025.