Em um novo capítulo das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE), o presidente americano ameaçou impor tarifas de 200% sobre vinhos, champanhes e outras bebidas alcoólicas provenientes da Europa.
A medida é uma retaliação à decisão da UE de aplicar uma tarifa de 50% sobre o uísque americano, que entrará em vigor em 1º de abril, em resposta às tarifas dos EUA sobre aço e alumínio europeus.
A reação dos mercados foi imediata. Empresas europeias do setor de bebidas registraram quedas em suas ações. Nos EUA, produtores de uísque também enfrentam desafios, já que a UE é um mercado crucial para o bourbon americano.
Especialistas alertam que essa escalada pode prejudicar tanto consumidores quanto produtores. Nos EUA, os preços de vinhos e champanhes europeus podem triplicar, tornando-os inacessíveis para muitos consumidores e afetando restaurantes e importadores que dependem desses produtos.
Por outro lado, a indústria de bebidas alcoólicas americana, que já enfrenta desafios como a redução do consumo e a concorrência de outras bebidas, pode sofrer ainda mais com a perda de mercados importantes na Europa.
É importante compreender qual o impacto desta crise para o Brasil. Segundo dados da Logcomex, o Brasil importou, em 2024, US$ 207,7 milhões de vinho europeu em valor FOB. Este número equivale a um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior. Dentre os países europeus que mais enviaram vinho para o Brasil, destacam-se 4: Portugal, com 39% do market share, França, com 26%, Itália, com 21% e Espanha, com 13%.
Ao mesmo tempo, o Brasil importou dos Estados Unidos o equivalente a US$ 24,8 milhões de uísque em 2024, um decréscimo de 7,6% em relação ao período anterior. Minas Gerais (45%), Santa Catarina (39%) e Pernambuco (8%), foram os principais estados importadores.
Para se aprofundar sobre o mercado de importação de bebidas alcoolicas, acesse o estudo exclusivo criado pela Logcomex. Com um panorama do setor, o material expõe quais são os potenciais mercados e como encontrar oportunidades para a importação de bebidas.
A UE, por sua vez, lamentou as tarifas impostas pelos EUA sobre aço e alumínio e afirmou que retaliará fortemente se for alvo de tarifas injustas. A Comissão Europeia destacou que tarifas baixas promovem crescimento e estabilidade econômica e que medidas protecionistas são prejudiciais para todas as partes envolvidas.
A escalada das tensões comerciais entre os EUA e a UE ocorre em um momento delicado para a economia global, que já enfrenta desafios como a desaceleração do crescimento e a inflação elevada.
Uma batalha comercial entre duas das maiores economias do mundo pode agravar ainda mais esse cenário, afetando cadeias de suprimento globais e aumentando os preços para os consumidores. Enquanto isso, setores diretamente impactados, como o de bebidas alcoólicas, aguardam por uma resolução que evite danos econômicos significativos.