Brasil prioriza assinatura do acordo Mercosul-UE no segundo semestre de 2025

9 de junho de 2025

Brasil prioriza assinatura do acordo Mercosul-UE no segundo semestre de 2025
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O governo brasileiro intensifica esforços para a assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia ainda no segundo semestre de 2025, quando o Brasil assumirá a presidência do bloco sul-americano. 

Durante missão oficial à França, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, reforçou que o acordo é “fundamental para a integração econômica e formação do mais relevante bloco econômico”.

A concretização deste acordo representará a união de mercados que somam aproximadamente 718 milhões de consumidores e economias que, combinadas, alcançam US$22 trilhões. Para empresas brasileiras com operações internacionais, a oportunidade de acesso preferencial ao mercado europeu surge em momento estratégico.

O acordo ganha relevância especial no atual contexto global marcado por tensões geopolíticas e crescente protecionismo comercial. Segundo Elias Rosa, que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião com o presidente francês Emmanuel Macron, o tratado será determinante para “fortalecer cadeias produtivas e enfrentar o protecionismo tarifário” num cenário internacional cada vez mais fragmentado.

Para que entre em vigor, o acordo ainda precisa passar por etapas técnicas incluindo revisão legal, tradução dos documentos, assinatura oficial e ratificação por instâncias legislativas dos dois blocos. O processo de ratificação, especialmente complexo no lado europeu, exigirá aprovação dos parlamentos nacionais dos países-membros da UE.

As relações França-Brasil, que podem ser decisivas para o avanço do acordo, atravessam um momento de reaproximação. A atual visita de Lula à França é a primeira de um chefe de Estado brasileiro ao país em 13 anos e representa mais uma iniciativa na retomada das relações bilaterais intensificadas desde 2023. O presidente francês esteve no Brasil no ano passado.

As relações franco-brasileiras são guiadas pelo Plano de Ação da Parceria Estratégica de 2008, que estabelece como eixos prioritários: diálogo político, relações econômicas, cooperação em defesa, espaço, energia nuclear, desenvolvimento sustentável, educação, ciência e tecnologia, além de questões migratórias e atuação conjunta em terceiros países.

De acordo com a Logcomex, as exportações brasileiras para a França, de janeiro a abril de 2025, registraram discreta queda de 2% (US$999,3 milhões) em comparação com o mesmo período de 2024, quando registrou US$1,01 bilhão.

Dentre os principais produtos exportados no período analisado, estão bagaços e outros resíduos sólidos, da extração do óleo de soja –NCM 23040090– registrou valor FOB exportado de US$167,3 milhões, apresentando recuo de 22% em comparação com mesmo período do ano passado (US$214,8 milhões). Óleos brutos de petróleo registraram US$193,1 milhões, discreto aumento de 2% em comparação a 2024 (US$189,5 milhões). 

O café não torrado, não descafeinado, em grão, alcançou FOB de US$127,9 milhões no período analisado, apresentando expressivo aumento de 171% em comparação com o mesmo período de 2024, quando registrou FOB de US$47,1 milhões.

Veja a seguir os principais estados brasileiros exportadores. O Rio de Janeiro ocupa o primeiro lugar no ranking respondendo por 20% das exportações no período analisado (US$197 milhões), seguido por São Paulo com 17% (US$166 milhões) e Minas Gerais com 15% (US$149,4 milhões).

Ainda de acordo com a Logcomex, as importações brasileiras da França alcançaram US$2,1 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano, aumento de 14% quando comparado com o mesmo período do ano anterior (US$1,8 bilhão).

Em relação aos principais produtos importados, os dados extraídos da plataforma NCM Intel – solução da Logcomex, a NCM 84119100 referente a partes de turborreatores ou de turbopropulsores, registrou aumento de 43% nas importações – US$256,7 milhões – em comparação com o mesmo período de 2024, quando registrou US$179 milhões.

Em segundo lugar, aparece a NCM 84111200 referente a turborreatores de empuxo superior a 25KN, com aumento de 30% nas importações (US$158,7 milhões) quando comparado ao mesmo período do ano passado em que registrou US$122 milhões.

Dentre os principais estados brasileiros importadores, o Rio de Janeiro ocupa o primeiro lugar no ranking respondendo por 41% das importações no período analisado  (US$893,2 milhões) , seguido por São Paulo com 29% (US$618 milhões) e Paraná com 10% (US$211,7 milhões).

Para empresas brasileiras, o acordo Mercosul-UE representará não apenas a redução de barreiras tarifárias, mas também a harmonização de regulações técnicas e sanitárias, facilitando o acesso ao exigente mercado europeu. Do lado importador, a redução gradual de tarifas para produtos europeus poderá impactar cadeias de suprimentos e estratégias de sourcing de empresas com operações no Brasil.

A finalização do acordo, após mais de duas décadas de negociações, marcará uma nova etapa nas relações comerciais internacionais do Brasil, criando um ambiente de negócios potencialmente mais previsível e integrado para empresas que operam no comércio entre os dois blocos.


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