O Brasil, maior produtor e exportador mundial de soja, enfrenta desafios significativos com a safra de 2024, que ficou abaixo do esperado, atingindo 147 milhões de toneladas em vez dos 160 milhões projetados.
Esse cenário, combinado com a crescente demanda interna e o ritmo acelerado das exportações, gerou a maior importação de soja dos últimos 21 anos.
Nos primeiros sete meses de 2024, o Brasil importou 752 mil toneladas de soja, um aumento de 707% em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados da Logcomex. Essa alta nas importações se deve a fatores como o crescimento da demanda para a produção de biodiesel e farelo de soja, além do aumento das exportações, principalmente para a China, que absorveu 73% da soja brasileira.
A estimativa é de que as exportações alcancem até 98 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo do recorde de 2023, que foi de 102 milhões de toneladas.
Pode-se afirmar que toda a soja importada vem do Paraguai, o que equilibra o intenso fluxo de exportações brasileiras. De acordo com a Logcomex, US$ 294 bilhões do total de US$ 295 bilhões da soja importada veio do país vizinho. Uruguai e Canadá entram como os dois outros países que importaram o grão para o Brasil.
Esse movimento é fundamental para atender a crescente demanda interna, que deve atingir 54,5 milhões de toneladas de soja processada em 2024, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
As dificuldades na safra e o aumento das exportações levantam preocupações sobre o futuro do abastecimento interno de soja, uma vez que o Brasil pode enfrentar uma escassez do grão para o consumo doméstico.
Além disso, a queda nos preços internacionais também afetou as receitas, que somaram US$ 32,9 bilhões até julho de 2024, uma redução de 14% em comparação ao ano anterior.
Esse cenário reflete a complexidade da cadeia de produção e consumo de soja no Brasil, onde um equilíbrio delicado entre exportações e importações é necessário para evitar a falta do grão no mercado interno.
As importações crescentes mostram-se como uma alternativa viável para suprir o consumo interno, enquanto o país continua a ser um dos principais fornecedores globais dessa commodity.
A questão agora é como o Brasil continuará gerenciando a sua produção e as necessidades do mercado interno frente a um cenário de alta demanda global e desafios climáticos e logísticos.