Fertilizantes: alta na tarifa de importação pode pesar no bolso e afetar as safras

outubro 9, 2024

Fertilizantes: alta na tarifa de importação pode pesar no bolso e afetar as safras

Empresas brasileiras que atuam no agronegócio enfrentarão desafios de gestão de custos e planejamento estratégico. 

A elevação no custo dos insumos pode comprometer tanto a competitividade das exportações quanto o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado interno. 

Agricultores, fornecedores e distribuidores de insumos e equipamentos agrícolas precisarão reavaliar seus planos de negócios, buscando otimizar processos, reduzir desperdícios e encontrar soluções criativas para mitigar o impacto das tarifas.

Além disso, a relação entre empresas e fornecedores internacionais será testada, o que pode afetar negociações e acordos comerciais futuros.

Entenda os impactos do aumento da tarifa de importação dos fertilizantes.

Agronegócio brasileiro

O agronegócio brasileiro é um dos setores mais robustos da economia. 

Apesar do aumento das tarifas de importação de mais de 80 tipos de fertilizantes, a resiliência dos produtores pode se destacar como uma força, ao buscar novas estratégias para otimizar o uso de insumos e reduzir a dependência de fertilizantes importados.  

O aumento do imposto de importação definido pelo Comitê de Comércio Exterior – GECEX-CAMEX, vem gerando preocupação para o setor, já que pode impactar nas próximas safras com aumento nos custos de produção. 

A dependência quase total do Brasil em fertilizantes importados, como o nitrato de amônio, revela um grande desafio. 

O nitrato de amônio está dentre as NCMs afetadas, registrando um aumento da taxa de 0% para 15% sobre esse insumo. 

Além disso, existe o  fato de que grande parte do produto vem da Rússia, expondo o país a riscos geopolíticos e variações no câmbio. 

Desafios

As tarifas aumentadas representam uma ameaça direta para a próxima safra, já que o aumento de 15% no custo dos insumos pode inviabilizar a rentabilidade das culturas, como milho e trigo, especialmente em um contexto de preços baixos. 

A redução das áreas cultivadas, principalmente de milho, afetará negativamente toda a cadeia produtiva, incluindo pecuaristas, que dependem do grão para ração animal. 

Além disso, existe uma ameaça de redução na produtividade das culturas que afeta os negócios de exportação do Brasil e pode desestabilizar o equilíbrio da oferta e demanda, pressionando ainda mais os preços de mercado.

Fertilizantes: Dados de comércio global

Segundo dados da Logcomex, de janeiro a agosto de 2024, houve uma discreta queda de 3% nas importações de outros adubos/fertilizantes minerais químicos, com nitrogênio e fósforo (NCM: 3105.59.00). O valor FOB registrado no período foi de mais de US$ 548 milhões. 

Em contrapartida, as importações de outros adubos ou fertilizantes minerais/químicos, fosfatados (NCM: 3103.90.90) registraram um expressivo aumento de 321% no valor FOB e 417% no peso em Kg Líquido importado no mesmo período, em comparação com 2023.

Principais parceiros comerciais do Brasil

A China ocupa o primeiro lugar no ranking de países exportadores de fertilizantes, representando 27% das operações. 

Os Estados Unidos vem em segundo lugar, com 25% do FOB movimentado e em terceiro lugar, vem a Rússia com 15% de valor FOB movimentado.

Estados brasileiros importadores de fertilizantes

O Paraná é o principal Estado brasileiro importador de fertilizantes, movimentando mais de US$ 212 milhões de valor FOB.

Já o Rio Grande do Sul (RS), vem em segundo lugar no ranking com 17% do valor FOB movimentado, seguido do Estado de São Paulo (SP) com 12%.

Em relação às principais unidades de desembaraço aduaneiro, destacam-se o Porto de Paranaguá no PR, seguido do Porto de Santos em SP e o Porto de Rio Grande no RS.

Conclusão

Em meio ao aumento das tarifas de importação de fertilizantes e produtos químicos, o agronegócio brasileiro enfrenta um cenário desafiador para as próximas safras, especialmente para culturas como milho e trigo. 

O impacto nos custos de produção pode levar à redução de áreas plantadas, pressionando ainda mais um setor que já lida com volatilidade de preços e quebras consecutivas de safra. 

Diante dessas mudanças, a eficiência na gestão de insumos e a adoção de estratégias mais inteligentes serão cruciais para que os produtores mantenham a competitividade e a viabilidade de seus negócios no curto e médio prazo.


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